O Movimento Mobiliza UEG consiste num movimento unificado de professores, estudantes e funcionários técnico-administrativos da Universidade Estadual de Goiás, espontâneo, independente, não institucionalizado, não hierarquizado e que adota como estratégia de atuação a ação direta. Seu objetivo é intervir no processo de construção da UEG com a finalidade de torná-la, de fato, uma universidade pública, gratuita, autônoma e democrática, capaz de cumprir o seu papel enquanto instituição de educação superior, produtora e socializadora de conhecimentos que contribuam para o bem-estar da sociedade goiana, em particular, da sociedade brasileira, em geral, e, quiçá, de toda a humanidade, primando pela qualidade reconhecida social e academicamente.
Daqui a cerca de um ano, o Brasil será sede dos Jogos Olímpicos, que tem como carro-chefe a espetacularização do esporte, através da organização e mercadorização do megaevento Jogos Olímpicos RIO 2016 na capital fluminense. Estádios olímpicos suntuosos, instalações esportivas de alto custo financeiro na cidade do Rio de Janeiro e o show midiático com os atletas celebridades ("pop star") do esporte vinculado ao capital globalizado. Mas, contraditoriamente, tais construções grandiosas e de luxo, são viabilizadas graças às desapropriações e militarização de favelas, instalação de UPP’s (Unidades de Polícia Pacificadora) nos morros cariocas, arrocho salarial, especulação imobiliária e aumento da inflação sobre o preço de alimentos, moradias e transporte público em todo o país. A realização das olimpíadas RIO 2016 afeta não somente a cidade do Rio de Janeiro, mas o Brasil como um todo.
Goiânia, por exemplo, receberá nos próximos meses a visita de integrantes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a fim de avaliar a possibilidade da cidade sediar delegações esportivas de outros países, para realização de treinamento de atletas de alto rendimento nas disputas dos Jogos Olímpicos. A contra partida do governo de Marconi Periggo, para obter a chancela do COB em sediar as delegações estrangeiras, é oferecer o inacabado Centro de Excelência do Esporte, localizado no centro de Goiânia, e que ainda se encontra em reforma, como local de treinamento aos atletas olímpicos.
As obras de construção do Centro de Excelência do Esporte foram iniciadas ainda no ano de 2001, ou seja, há exatos 14 anos atrás. O orçamento inicial foi estimado em cerca de dezesseis milhões de reais (R$ 16.000.000,00), e atualmente, levando em conta os aditivos (superfaturamento) e alterações do projeto inicial, o valor já ultrapassa os cem milhões de reais (R$ 100.000.000,00), quase sete vezes o valor projetado inicialmente. Sabe-se, no entanto, que provavelmente esta obra finalmente estará pronta até o final do próximo semestre, pois quando se trata de propaganda, espetáculo e populismo em favor do governo, as obras são adiantadas e finalizadas em tempo recorde.
Porém, de forma também contraditória, em Goiás somos testemunhas do completo abandono em que se encontra uma das primeiras faculdades de Educação Física da região Centro Oeste, a ESEFFEGO, fundada em 1962, sendo uma das pioneiras na formação de técnicos e de professores de Educação Física no Brasil, e que desde 1999, forma um dos campus da Universidade Estadual de Goiás (UEG), localizado na cidade de Goiânia.
Com ginásios abandonados, prédios com ameaça iminente de desabamento, salas de aula insalubres, falta de materiais pedagógicos e esportivos, número de funcionários insuficientes para manutenção e limpeza dos prédios, professores mal remunerados e ainda sucateamento total de todas as instalações esportivas, se torna a triste e atual realidade da ESEFFEGO em tempos de olimpíadas no Brasil.
Como se não bastasse o total abandono e sucateamento do campus ESEFFEGO, existe atualmente a implementação, pela atual direção do campus, de um “pacote de maldades” sob a desculpa de economia de gastos, reproduzindo o falso discurso de austeridade fiscal inventada pelo próprio governo estadual. Esse chamado “pacote de maldades” vai desde a economia de papel, impressões, café, água mineral, demissões em massa de funcionários e até o aumento da carga horária docente, sem o devido aumento salarial (adequação à Resolução CU 2015/01), caracterizando o aumento da precarização e da superexploração dos trabalhadores (professores e funcionários) do campus. Dentro deste quadro sombrio e desumano, e agravando ainda mais a situação caótica, os professores e funcionários, não somente da UEG, mas como também todo o funcionalismo estadual, sofrem com o parcelamento dos seus parcos salários, que estão sendo divididos e pagos atualmente em duas (02) parcelas.
Os alunos dos cursos de Educação Física e de Fisioterapia da ESEFFEGO, além de sofrerem as consequências diretas da precarização e do sucateamento, explicitados anteriormente, também sofrem bastante com a falta de bolsas e com a total ausência de uma política de assistência estudantil, e realizam seus estudos e atividades diárias sem restaurantes universitários, sem moradias estudantis e sem transporte. No campus ESEFFEGO a situação é tão grave, que carteiras se tornaram objeto de luxo, não existindo carteiras suficientes para os alunos assistirem as aulas sentados, pois existe um déficit enorme de carteiras.
Além da alta precarização e da superexploração laboral docente, existe na ESEFFEGO o trabalho realizado sob a chamada “psicologia do medo”, onde professores, alunos e funcionários são assediados moralmente de forma contínua, sendo vigiados por câmeras instaladas ao longo dos corredores, e ainda coagidos por pessoas que escutam, vigiam e denunciam à chefia "rodinhas" de funcionários e conversas nos corredores, e também os diálogos entre professores. O medo de serem demitidos, em virtude do falacioso "Efeito USP" e das demissões em massa promovidas pelo reitor, com o aval dos diretores, torna mais vulnerável e delicada a situação dos funcionários da UEG, que agora se vêem mais ainda nas mãos dos diretores, do que antes (lembrando que mais de 90% dos funcionários da UEG possuem contratos temporários).
Controle de ponto biométrico no campus Goiânia - ESEFFEGO
Existe ainda no campus ESEFFEGO um controle de ponto eletrônico (biométrico) para uso dos funcionários, que controla, oprime e violenta o corpo e a subjetividade dos trabalhadores, através do escaneamento e impressão das digitais. No entanto, tal sistema de controle biométrico é obrigatório somente para os funcionários da limpeza e da secretaria, ficando os funcionários da chefia isentos da obrigatoriedade.
Sem a permissão dos professores, pessoas invadem CPU's, arquivos, "pastas" e até "lixeiras" de computadores para vasculharem dados sobre professores, como forma de coação e intimidação, também como tentativa de forjarem provas ou acusações contra os mesmos.
Como em um verdadeiro "campus" de concentração, há a vigilância, controle e punição total na ESEFFEGO, onde qualquer "desvio", "má conduta", crítica ou pensamento contrário pode ser considerado "subversivo" e "criminoso". Ironicamente corpos são controlados, escaneados, agredidos, dilacerados e violentados dentro de uma Escola de Educação Física e de Fisioterapia.
Câmeras em todos os corredores controlam funcionários, alunos e professores no campus Goiânia ESEFFEGO
Em muitas das reuniões da ESEFFEGO, vários professores que possuem ideias diferentes ou opinam de forma contrária à direção, são adjetivados publicamente, acusados falsamente ou ainda desqualificados entre os colegas. Algumas reuniões de congregação do campus já foram até mesmo filmadas com câmeras, como forma de intimidação, na tentativa de coagir vozes discordantes. Professores ou funcionários que tem a coragem de criticar, recebem injustas advertências e ameaças de processos, ainda são vítimas de sabotagens e perseguições pessoais em suas atividades acadêmicas, com atas forjadas e até mesmo fraude em concursos simplificados. Sobre tudo isso ainda impera o patrimonialismo, o nepotismo e o autoritarismo, onde chefes e diretores, que se acham os donos da coisa pública, fazem escolhas, nomeações, indicações e mudanças ao seu bel prazer.
À luta UEG! Quem cala consente, mas quem grita afugenta os opressores e os capitães do mato! Mobiliza UEG!
O sucateamento da UEG segue a lógica neoliberal que ameaça todas as instituições públicas. Esse movimento parece ser legítimo e necessário. Porém, como professor efetivo vindo de outro estado, observo que falta ao movimento um olhar paras a situação das unidades do interior, como São Miguel, Porangatu. Falta ao Mobiliza chegar aos campi dos extremos do estado, onde a situação é ainda pior...
A UEG ESTÁ ABANDONADA ÀS TRAÇAS MESMO. QUE VERGONHA SR. GOVERNADOR!
ResponderExcluirDá mesmo vergonha ver a ESEFFEGO assim, mas dinheiro para a olimpíada tem, piada...
ResponderExcluirO sucateamento da UEG segue a lógica neoliberal que ameaça todas as instituições públicas. Esse movimento parece ser legítimo e necessário. Porém, como professor efetivo vindo de outro estado, observo que falta ao movimento um olhar paras a situação das unidades do interior, como São Miguel, Porangatu. Falta ao Mobiliza chegar aos campi dos extremos do estado, onde a situação é ainda pior...
ResponderExcluirTemos que denunciar também as mazelas e o sucateamento dos campus da UEG no interior do estado de Goiás. É tão lamentável quanto o da ESEFFEGO.
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