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O Movimento Mobiliza UEG consiste num movimento unificado de professores, estudantes e funcionários técnico-administrativos da Universidade Estadual de Goiás, espontâneo, independente, não institucionalizado, não hierarquizado e que adota como estratégia de atuação a ação direta. Seu objetivo é intervir no processo de construção da UEG com a finalidade de torná-la, de fato, uma universidade pública, gratuita, autônoma e democrática, capaz de cumprir o seu papel enquanto instituição de educação superior, produtora e socializadora de conhecimentos que contribuam para o bem-estar da sociedade goiana, em particular, da sociedade brasileira, em geral, e, quiçá, de toda a humanidade, primando pela qualidade reconhecida social e academicamente.
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domingo, 10 de maio de 2015
O Reavivamento do Fascismo na UEG
Nos últimos dias o Brasil inteiro está vivenciando manifestações e
mobilizações de segmentos sociais ultra-conservadores e reacionários, ligados
às camadas mais altas do país, que ao contrário das manifestações populares de
maio e junho de 2013, tem como integrantes moradores de bairros nobres, na
maioria de pele branca e de meia idade, também integram empresários, políticos
da extrema direita e ainda manifestantes racistas skinheads. A
pauta de reivindicação vai desde o pedido de retorno das forças armadas ao
poder, o combate à corrupção, apoio à polícia federal e o impeachment da
presidenta do país. Nas ruas dos bairros nobres, onde ocorreram as passeatas
(“bairros da zona sul”), as características marcantes são a obsessão pela ordem
e controle, beirando o higienismo, com manifestações “politicamente corretas”,
“ordeiras” e elogiadas tanto pela mídia quanto pelos governantes, onde a
polícia ou os vigilantes particulares contratados exclusivamente para estes
eventos, guiavam e protegiam os manifestantes durante os deslocamentos.
Registros de milhares de “selfs” junto a policiais, que eram
instantaneamente (on-line) postados em redes sociais da internet, se
tornaram virais na rede mundial. Exatamente o oposto do que ocorreu em 2013,
atos marcados pelo descontrole, pela espontaneidade das manifestações oriundas
das periferias das grandes cidades, pelo enfrentamento com a polícia e a
hostilização às instituições governamentais e privadas, que são as verdadeiras
promotoras da espoliação e da violência contra as classes mais baixas da
sociedade. Estas formaram as características fulcrais e marcantes dos
movimentos como “Passe Livre” (São Paulo), “Frente de Lutas Contra o Aumento da
Passagem” (Goiânia) “Não Vai Ter Copa” (Rio e Fortaleza). Já os atuais movimentos
como os chamados de “15 de Março”, “Movimento Brasil Livre” e “Vem pra Rua”
(2015), tem em comum o culto ao pacifismo misturado a um patriotismo exagerado
e caricato; a idolatria a juízes e promotores de justiça; abraços simbólicos às
sedes dos tribunais e das polícias federais; corais de vozes que entoavam o
hino nacional nas ruas e bandeiras brasileiras sendo carregadas dependuradas ao
próprio corpo e ainda cartazes e slogans de “Passar o Brasil a limpo”,
“Intervenção militar já!”, “Impeachment!”, que foram observadas no imenso verde
amarelo das passeatas em Copacabana (Rio de Janeiro), Praça Tamandaré
(Goiânia), Barra (Salvador) e tantos outros bairros nobres de várias capitais e
cidades do interior do Brasil. A intolerância aos movimentos sociais populares,
a exaltação do liberalismo de mercado e a espetacularização das mobilizações
pela mídia, também deram o tom das mobilizações ocorridas a partir de março de
2015 no país.
Várias das características encontradas nestes movimentos, ocorridos a
partir de maio de 2015, demonstram o reavivamento do movimento ultra
conservador no Brasil, com viés nitidamente reacionário e explicitamente
fascista. Porém, não somente nas ruas, mas bem pertinho, bem ao nosso lado,
aqui mesmo na UEG, querendo nos possuir e nos tragar vivos. Este Revival fascista
não é nenhum pouco diferente na universidade, ele é concreto e real. Estamos
atualmente assistindo na UEG um movimento claramente fascista, marcado por
posturas claramente autoritárias, higienistas, violentas, intolerantes e
demagógicas, praticadas tanto pelo governo, pela reitoria e por diretores dos
campus da universidade, que por sua vez passam a ter vários seguidores entre os
nossos próprios páreas (docentes). Neste caso específico, o fascismo é
travestido de nuances acadêmicas, ora de retórica politicamente correta, ora
camuflado de um falso moralismo burguês e outras vezes escondido na forma de
organização burocrática e de obediência à hierarquia, mas seus objetivos e
ações são os mesmos daqueles.
O tecnicismo e a demagogia na implantação da atual reforma curricular,
ocorrida recentemente na UEG durante o ano de 2014, e que até o momento não se
concretizou (na verdade ninguém sabe o que virou ou o que irá virar esta “pizza
de banana” da reforma curricular), camuflada através da criação de Grupos de
Trabalho, a fim de criar uma aparência de algo organizado e sistematizado, com
verniz de democracia, mas que foi imposto de cima para baixo, sem discussões
abertas com a comunidade acadêmica, realizado de forma pragmática e aligeirada.
A reestruturação curricular tem agora como produto final uma proposta de
formação tecnicista, fragmentada e mercantilista. O atual currículo, sob o
slogan de “educação multicultural e de excelência”, coloca nossos alunos diante
de uma nova prisão, aliás, nova "grade" de disciplinas, capaz de
capacitá-los ainda melhor às insaciáveis exigências do mercado, dando-lhes
novas “competências” e novos saberes (técnicas) capazes de adequá-los à nova
lógica da polivalência do trabalho, fruto da reestruturação do capitalismo
globalizado e flexível (currículo flexível). Ou seja, o novo currículo da UEG é
capaz de condicionar e adestrar melhor o nosso estudante para a venda de seu próprio
corpo, sangue, tempo e alma à selvageria do capital mundializado e
flexibilizado.
O cinismo da resolução CU nº01/2015, também imposta pelo governo
estadual para economia de custos através do aumento da mais valia, da
precarização e da exploração do trabalho docente, foi aprovada de forma
violenta, sem a participação e o pleno diálogo com a comunidade acadêmica,
ainda com direito de fala negado aos próprios professores presentes na reunião
de votação. E sob o discurso economicista de evitar uma “crise financeira” na
universidade, a resolução foi aprovada também de forma autoritária e
anti-democrática pelos “nossos representantes” presentes no C.U., sobre a
regência do próprio reitor.
Como se não bastasse,o desumano e violento parcelamento salarial dos trabalhadores,
com prejuízos incalculáveis ao funcionalismo público estadual, também denota o
autoritarismo e os desmandos do governo, que sob o mesmo falso discurso de
“crise finaceira” da reitoria (“Efeito USP”), obrigam os trabalhadores a se
tornarem reféns da perversa lógica dos juros dos bancos e do arrocho salarial.
Atrás desta longa conversa falaciosa e economicista, intitulada de “crise”,
existe a intenção de manutenção, continuidade e de ampliação da lógica de
reprodução do capital internacional, que exige o cumprimento de cartilhas de
austeridade fiscal, contenção de custos, arrocho salarial, anulação de
direitos, e que representam nada mais, nada menos do que a transferência do
capital público (nossos parcos salários e direitos) para o capital privado
internacional, que é representado em Goiás principalmente e prioritariamente
pelo agronegócio. Onde está a crise então? Que crise? Crise? Segundo o jornal
Diário da Manhã (09/05/2015), o agronegócio brasileiro, onde o estado de Goiás
é o carro chefe, não viu e nem sabe o que significa a palavra “crise”,
pois os lucros somente no mês de abril, com exportações de carne, café, soja,
açúcar e produtos florestais ultrapassaram a cifra de U$ 7 bilhões (de
dólares!). (fonte: Agrostat) Mas é Friboi? .
Outros exemplos da ressonância fascista, ocorrem também dentro das
próprias reuniões de colegiados e de congregações dos campus da UEG, onde
professores são constrangidos a não colocarem determinadas pautas em discussões
ou em debate, em nome da intolerância e da não alteração das relações de
poder, e que vem travestidas por vozes doces e angelicais, pelo discurso do
politicamente correto e pela lógica da ordem e do progresso, tal qual as vozes
dos movimentos fascistas de rua em maio de 2015, explicitados anteriormente.
Mas, a ideologia fascista vem escondida atrás da retórica do não
confrontamento, do falso discurso de “paz e amor”, do pacifismo absoluto, do
higienismo, do moralismo, do respeito à ordem e da defesa do status quo.
O medo de alteração das atuais relações autoritárias de poder, tentam silenciar
as vozes críticas e discordantes do debate, tentam calar as discussões com a
retórica demagógica do academicismo, da intelectualidade técnica, do culto à
autoridade e da representatividade, cujo produto final é a apatia, o imobilismo
e a manutenção das zonas de conforto e de privilégios. O exemplo de um caso
concreto, ocorrido recentemente comprova a tese em questão, na última reunião
de colegiado do curso de Educação Física do campus ESEFFEGO (em 09/05/15), o diretor
do campus, o Sr. Wanderley de Paula Junior, solicitou a todos os docentes a
economia no consumo de toners, papel e impressões, (sendo que há muito tempo,
já estão racionando a água mineral e o café por lá), porém, de forma
contraditória e hilariante, nesta mesma reunião foi realizado por professores a
denúncia e reclamação sobre a utilização do veículo da UEG de forma indevida,
pois o automóvel do campus, que deveria ficar a disposição somente para
atividades acadêmicas, estava também sendo utilizado para buscar e levar somente funcionários da chefia para as suas residências (uso exclusivo em
família?). Estes são os tentáculos do fascismo, oprimir os trabalhadores
para permitir a reprodução e a continuidade dos privilégios a uma elite
burocrática. Um professor presente, de forma irônica e sarcástica
solicitou também que o motorista o buscasse e o levasse em sua casa todos os
dias, já que segundo o mesmo, o transporte coletivo em Goiânia, além de muito
caro (R$3,30), é um verdadeiro caos. Ainda durante o debate, o coordenador pedagógico
do campus ESEFFEGO, argumentou que tal discussão era deseducada e que não cabia
naquele ambiente e local, e que deveria ser levada para outra instância
burocrática, ou seja, para os gabinetes fechados. Aqui outra nuance do
fascismo, o autoritarismo disfarçado de politicamente correto, o higienismo e
controle escondido por detrás da chamada ética da boa educação e do bom senso.
Sob esta lógica, UEG não é local de discussão e de debates de idéias,
pensamentos ou de construção da crítica, tal como se reproduz nos ambientes e
reuniões do C.U. Não se pode discutir, debater, discordar e tornar pública as
discussões realizadas na UEG. Estas são tentativas claras de silenciar o
debate, de se tentar calar as vozes discordantes e de manter as regalias e os
laços de poder. Qual é a reação dos fascistas? Procuram realizar a retórica da
chamada "demonização" do indivíduo, tentam desqualificar e adjetivar
as vozes discordantes, para que elas não ressoem nos ouvidos dos colegas, e
para que aqueles sejam desprestigiados e excluídos do diálogo . Na UEG, não se
pode falar alto, pois é deseducado, não pode falar palavrão, pois é
deselegante, não se pode discordar, pois é feio demais. Os gestores da UEG,
assim como o governador, não aceitam críticas ou debates, pois só estão acostumados
com elogios e tapinhas nas costas, e como diz letra da música "tapinha não
dói".
O fascismo trabalha para a concentração e para a manutenção do poder nas
mãos de uma minoria que já possui e controla o próprio poder. Na universidade
o fascismo vem atrás do discurso academicista, tecno-burocrata e faz conservar
a universidade em seus moldes verticais, burocráticos, autoritários e
anti-democráticos.
Abaixo o fascismo na UEG! Pelo fim do autoritarismo e do patrimonialismo
na universidade, por uma UEG mais democrática.
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Poderiam postar o nome dos autores dos textos, exceto em resoluções oficialmente aprovadas pelo movimento. Sugestão.
ResponderExcluirParabéns ao mobiliza por falar a verdade sobre a UEG! Estou cansado de sofrer estas mesmas coisas aqui na minha unidade. Todas as informações postadas no blog, são antes compartilhadas e discutidas entre os membros do movimento mobiliza. Vamos juntos lutar por mais democracia na UEG. Greve já e Fora Marconi!
ResponderExcluirvocês tem que falar também das péssimas condições dos funcionários da UEG, que é muito pior.
ResponderExcluirSem falar do mel que a atual reitoria passa na boca dos alunos e professores como aumento e equipamentos para poderem se perpetuarem no poder. Se quiserem ver a realidade é só olhar a estética do Campus UnuCet. Desvios vem ocorrendo debaixo do nariz dos alunos, professores e alunos e ninguém nota, pois até no CsU são a maioria. E quando aluno, professores e servidores se voltam contra este sistema são duramente perseguidos pela atual reitoria.
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