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Aluno da UFG é agredido e espancado pela PM da cidade de Goiás no FICA |
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Aluno da UFG é espancado pela PM por protestar no FICA |
NOTA DE PROTESTO CONTRA A VIOLÊNCIA DE ESTADO
Goiânia,
03 de julho de 2007
Olá.
Se fosse
possível, gostaria de desejar um bom dia, boa tarde ou boa noite a quem estiver lendo essas
linhas. Mas a indignação frente à violência da Polícia Militar de Goiás, ontem,
na Cidade de Goiás, no trato com os manifestantes da UEG, imprimem a esses
cumprimentos polidos sensações pouco apropriadas ao momento que vivemos.
Estou
como professor na Cidade de Goiás, desde o início do ano letivo de 2013, e
posso dizer que aquela comunidade acadêmica possui vários professores e alunos
que estão lutando por uma UEG com qualidade social. O professor Robson de
Moraes e o prof. (e também religioso dominicano) Frei Paulo Sérgio Catanhede
(que foram agredidos e presos, ontem) são pessoas íntegras e engajadas, em
princípios e em ação, para com a UEG e várias outras causas sociais.
Igualmente
os alunos que foram violentados. Esses são parceiros, solícitos, disponíveis e igualmente engajados. Vários deles são
bolsistas (de iniciação científica, de PIBID etc) o que nos indica, minimamente, o
seu mérito acadêmico e seu compromisso com a sua formação profissional e com a
instituição a que pertencem.
Pois
ontem,
dia 02/07, em decorrência de uma manifestação na abertura do FICA
(Festival Internacional de Cinema Ambiental), essas pessoas foram
espancadas, agredidas, humilhadas em seus direitos e dignidade humana!
Tiveram sua integridade física desrespeitada!
Um aluno teve que ser socorrido no hospital! Tiveram seu direito de
livre manifestação
ignorado (pois resistiram à ordem da polícia para se dispersarem). E não
portavam
armas (como a própria polícia), pedras ou coquetel molotov, por exemplo.
Mas sim, estavam com indignação suficiente para se manifestar
publicamente.
Certamente,
portavam algo mais perigoso que armas: a inteligência e a coragem de fazer algo
pela transformação social, começando por questões pontuais para produzir a
melhoria da unidade de Goiás e para todas as demais unidades da Universidade Estadual de Goiás. INCLUSIVE AQUELAS
unidades QUE NÃO ADERIRAM À MOBILIZAÇÃO (mas que receberão todos os benefícios conquistados na/pela luta).
Como
professor de história, formador de outros professores, não aceito que nossos
colegas de trabalho sejam tratados dessa forma. Muito menos nossos alunos. São
estudantes, jovens e não podem ter sua vida e sua esperança de futuro tratadas dessa
forma.
Já suportamos
a prisão do aluno em Anápolis (até onde sei, devido a palavras de ordem que
foram consideradas “desacato ao governador”); a prisão dos manifestantes em
Goiânia (no dia 20/06, que até onde fui informado pela comissão de direitos
humanos que acompanhou os processos, portavam pedras e coquetel molotov. Não
quero entrar no mérito da questão da verdade dessas informações ou da
legitimidade desses atos, mas, os trago aqui para contrastar com o que
aconteceu ontem na Cidade de Goiás). Os colegas estavam em grupo segurando
cartazes e reivindicando o que nos é de direito. Pacificamente. É bom frisar.
DIANTE
DISSO, NÃO PODEMOS ACEITAR QUE NOSSOS DIREITOS BÁSICOS de integridade física e
de livre manifestação SEJAM DESRESPEITADOS pela POLÍCIA MILITAR DE GOIÁS, pelo
GOVERNO DO ESTADO (na pessoa do governador eleito e de sua equipe) e nem que
isso seja IGNORADO PELA IMPRENSA GOIANA (que não se interessou/noticiou devidamente tal
acontecimento).
Por isso,
venho a público divulgar essas informações e pedir o APOIO de todos os que
lerem essa carta.
Conclamo
a todos os colegas das unidades da UEG que ainda não aderiram à greve (apelo para
seus valores corporativistas, religiosos, humanitários e o que mais preciso
for) para que paralisem as atividades até que o governador se posicione positiva
e definitivamente a favor da comunidade da UEG, PRINCIPALMENTE NA DEFESA DA
DIGNIDADE DE NOSSOS ESTUDANTES garantindo moradia e alimentação estudantil.
É bom
lembrar que estamos em greve, há mais de dois meses, porque não tivemos
as reivindicações de casa de estudante e de condições de alimentação para
nossos alunos devidamente tratadas por parte do governo, em forma de garantias
documentadas no trato desse problema.
Pessoalmente,
já
estava desacreditado dessa greve. Achei que já se tinha dado o que foi
possível acontecer. Pensava que os colegas, principalmente esses que
estão à frente da organização da mobilização, mereciam descansar da
batalha
constante que é o estado de greve. Enfim, que podíamos recuar e nos
prepara para enfrentamentos
futuros.
Diante do
que aconteceu ontem, contudo, vejo que estava errado. Precisamos
ensinar a nós mesmos como devemos ser tratados pela Polícia e pelos
administradores da coisa pública. Quero que toda essa repulsa e revolta que
sinto agora dentro de mim, desencadeadas pela atitude que a polícia militar
desse estado (e os demais responsáveis por ela) contra a dignidade de
nossos colegas alunos e professores de Goiás, seja o alimento que faltava para a
organização social.
Que a dor
física e moral sentida por esses companheiros, seja nosso alimento para
continuar acreditando na causa dessa greve bem como em toda forma de
organização social.
Enquanto
escrevo essas linhas não consigo conter a emoção, nem meu pensamento que
está junto desses colegas, professores e jovens alunos, nos
quais a individualidade reinante em nosso tempo bate em suas
caras e corpos. Minhas mãos estão geladas, como sempre estiveram nos momentos
mais importantes de minha vida.
A
desgraça da História serve para nos mostrar que, enquanto população e enquanto
indivíduo, não podemos nos calar diante da violência de Estado e de seus
fascismos. Os políticos são SERVIDORES da população! O seu poder reside na população!
Isso deve ficar bem claro para o bem geral.
A
violência contra os professores e estudantes ontem na Cidade de Goiás
deve ser
transformada em alimento para quem já estava à frente da mobilização,
para os
desanimados, para os colegas que ainda não aderiram à greve (no sentido
de os
fazer refletir sobre a necessidade, a importância e o poder da
mobilização
social, principalmente, porque os momentos de reivindicação são uma
síntese a nos mostrar como o Estado nos trata), bem como para os demais
funcionários da administração central da UEG.
O que a
reitoria da UEG fará em relação à forma violenta como a Polícia Militar,
representando os interesses do Governo do Estado de Goiás, trataram nossos
estudantes? Afinal, estamos na rua, ainda, para ter casa e
restaurante universitário, para nossos alunos que são, em sua maioria,
trabalhadores. E por esses motivos, dentre outras reivindicações, ontem eles sofreram a violência policial na Cidade de Goiás.
Esse acontecido é agora um fato político que deve favorecer a reivindicação pela moradia e
alimentação estudantil em Goiás.
Como
membro da comunidade da UEG, peço o apoio de quem estiver lendo esse texto,
seja por meio da produção de notas e moções de apoio (pessoais ou institucionais) à nossa
greve, bem como na divulgação desses fatos nas redes sociais. MAS, PRINCIPALMENTE, SE
FAZENDO PRESENTE NA MANIFESTAÇÃO DE AMANHÃ.
SOMOS OBRIGADOS MORAL-CÍVICA-CIDADÃ
E HUMANAMENTE, A NOS FAZER PRESENTE
a partir das 14h,
amanhã, 04/07, quinta-feira,
em Goiânia,
EM FRENTE À ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA (av. Goiás esq. c/ av. Independência - centro) para uma marcha rumo à pç. Cívica.
#VemPraRua #UEGgreveOficial
Peço o
apoio de tod@s na divulgação dessas informações e esperamos sua presença:
amig@s, colegas, a população em geral; todo aquele que é a favor de uma
sociedade com mais condições de igualdade de oportunidade para todos (porque é
isso que a educação pública deveria garantir).
Não é
certo, cada pessoa que somos, aceitar esse tipo de tratamento por parte da
Polícia Militar de Goiás, bem aceitar passivamente os demais valores que orientam o governador
na forma de administrar o bem público. Mais que nunca, é hora de defender o
respeito à dignidade humana.
Nosso
corpo é nosso poder!
Euzebio Fernandes de Carvalho
Professor
de Didáticas, Práticas e Estágios em História
Universidade
Estadual de Goiás.
Dou meu apoio incondicional prof. Euzebio porque é inadmissível o que o governo está fazendo e o povo precisa acordar de verdade e gritar cada vez mais alto que não aceita mais a ditadura, a corrupção, o descaso, etc. É lamentável o que fizeram com os estudantes, simplesmente lamentável.
ResponderExcluirErrata: O estudante nas fotos é da UFG de Catalão, se chama Timóteo Correia.
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