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O Movimento Mobiliza UEG consiste num movimento unificado de professores, estudantes e funcionários técnico-administrativos da Universidade Estadual de Goiás, espontâneo, independente, não institucionalizado, não hierarquizado e que adota como estratégia de atuação a ação direta. Seu objetivo é intervir no processo de construção da UEG com a finalidade de torná-la, de fato, uma universidade pública, gratuita, autônoma e democrática, capaz de cumprir o seu papel enquanto instituição de educação superior, produtora e socializadora de conhecimentos que contribuam para o bem-estar da sociedade goiana, em particular, da sociedade brasileira, em geral, e, quiçá, de toda a humanidade, primando pela qualidade reconhecida social e academicamente.

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sábado, 27 de setembro de 2014

REVOGAÇÃO IMEDIATA DA "NOVA" REFORMA CURRICULAR NA UEG



“Eu aprendi com as primaveras a me deixar cortar e voltar sempre inteira”
Clarice Lispector
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
RESOLUÇÃO CSU nº52, de 7 de agosto de 2014
ESTRUTURA CURRICULAR DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA – UNUCSEH
3340 Horas, Semestral
            O objetivo desse texto, que surgiu nos debates empreendidos no curso de Pedagogia da UnUCSEH, é discutir a Resolução CSU nº 52, de 07 de agosto de 2014, que regulamenta as Diretrizes Básicas para a Estrutura Curricular dos cursos de graduação da UEG. Para tanto, são apresentados os artigos da resolução e as dúvidas que deixam como também mostrar a dificuldade para “adequar” os Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) às determinações da resolução, a qual dá orientações para montagem da matriz, aspecto último de um PPC. Orientações do MEC, do INEP e da própria UEG destacam que a elaboração de cursos de graduação implicam levar em conta o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e o Projeto Pedagógico Institucional (PPI) da instituição, e que as discussões sejam coletivas, no interior do próprio colegiado de curso, no qual se define o perfil do profissional a ser formado e, com base nele, definir a matriz curricular, com conteúdos e disciplinas que permitem atingir o perfil desejado de profissional. A resolução 52/2014 propõe a inversão desse processo, iniciando com a definição da matriz (ou grade curricular, uma vez que define modelo curricular), sem existência do Projeto Pedagógico do Curso.
            Em apenas seis artigos a resolução estabelece forma de ingresso semestral ou anual, oferta de disciplinas em forma semestral, período de funcionamento dos cursos e estrutura curricular baseada em currículo mínimo. Vale destacar que o currículo mínimo já foi eliminado na educação brasileira a partir da LDB de 1996.
            A resolução 52/2014 ainda obriga a seguir a semi-presencialidade que, conforme a Portaria MEC 4059, 10 de dezembro de 2004, refere-se, conforme seu § 1º do art. 1º, “como quaisquer atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino-aprendizagem centrados na auto-aprendizagem e com a mediação de recursos didáticos organizados em diferentes suportes de informação que utilizem tecnologias de comunicação remota”. Isso significa uso de mídias digitais, as quais exigem infra-estrutura que a UEG ainda não possui em seus diferentes campi.
            Vale esclarecer que a Portaria 4059/2004 estabelece ainda no seu § 4º do art. 1º que deverá ser mantido os duzentos dias letivos (art. 47 da LDB de 1996), mesmo com atividades semipresenciais. No art. 2º estabelece ainda: “Art. 2o. A oferta das disciplinas previstas no artigo anterior deverá incluir métodos e práticas de ensino-aprendizagem que incorporem o uso integrado de tecnologias de informação e comunicação para a realização dos objetivos pedagógicos, bem como prever encontros presenciais e atividades de tutoria”. O parágrafo único desse art. 2º prevê que: “Para os fins desta Portaria, entende-se que a tutoria das disciplinas ofertadas na modalidade semi-presencial implica na existência de docentes qualificados em nível compatível ao previsto no projeto pedagógico do curso, com carga horária específica para os momentos presenciais e os momentos a distância”. Será que a UEG possui profissionais habilitados para a semi-presencialidade, sem ter tido qualquer política de formação antecipada desses profissionais?
            Saliente-se novamente que a elaboração de um Projeto Pedagógico de Curso (PPC) tem início justamente na definição do perfil do egresso que se deseja formar e que cada PPC é único.Vale retomar o documento Plano de Desenvolvimento Institucional 2010-2019 da UEG, em vigência, que diz sobre os Projetos Pedagógicos dos Cursos:
A UEG compreende que cada Projeto Pedagógico é único, pois as competências a serem construídas e as circunstâncias de seu desenvolvimento constituem realidade única e especifica. Entende que o Projeto Pedagógico é um instrumento básico da gestão de ensino na graduação e é instrumento propulsor dos objetivos fundamentais do perfil profissional que se pretende construir. Sua elaboração exige uma reflexão acerca da concepção e das finalidades da educação e sua relação com a sociedade, bem como uma reflexão aprofundada sobre o tipo de indivíduo que se pretende formar e de mundo que se quer construir. O Projeto Pedagógico de Curso (PPC) deve ser uma ação coletiva, reflexiva, que pressuponha rupturas com o instituído e ao mesmo tempo a valorização da memória e da história da instituição. Dessa forma, o Projeto Pedagógico deve contemplar a intencionalidade do curso, refletir sua imagem, criar sua identidade e delimitar o seu espaço de autonomia, definidos e resultantes de um processo de discussão coletiva. Cada curso deverá contemplar, em seu Projeto Pedagógico, o perfil do profissional desejado, definindo, através dos conteúdos curriculares, suas competências e habilitações. Assim, o Projeto Pedagógico de cada curso deve ser adequado aos novos parâmetros de aprendizagem e estar de acordo com as DCNs, nos princípios da articulação entre teoria e prática, entre ensino, pesquisa e extensão, da interdisciplinaridade e da flexibilidade curricular. O Projeto Pedagógico do curso de graduação da UEG exige preocupação com a inovação na organização curricular, levando em conta a incorporação dos avanços tecnológicos, a integralização do curso ao perfil desejado do egresso e o sistema educacional em sua totalidade. O Projeto Pedagógico deve buscar a formação de um profissional competente, socialmente crítico e responsável pelos destinos de uma sociedade que se deseja justa e democrática (PDI 2010-2019, p. 42).
 
            O PDI 2010-2019 ainda estabelece que os PPC dos cursos da UEG apresentem:
 
Compromisso com os valores humanísticos e éticos como princípio formativo, perpassando o projeto pedagógico de cada curso. A política de graduação da UEG é concebida a partir da reflexão e da análise da missão, dos princípios, dos valores que a comunidade interna professa, do meio sócio-geoeconômico e político em que a instituição se insere e tendo em conta as suas potencialidades, sua trajetória, experiências e tradição. A rigor, não é apenas a disposição legal que institui o significado de ensino na identidade da UEG. Ela traduz o reconhecimento de sua importância e admite, portanto, a continuidade de uma trajetória histórica, agora sob o arcabouçoinstitucional de Universidade capilar. Sendo assim, delineia-se, para a UEG, uma política de graduação pautada nos conceitos de verticalização e horizontalidade que foram e devem continuar se aperfeiçoando.
 
            O documento Projeto Pedagógico Institucional - PPI – de 2011, que apresenta a filosofia de formação profissional que a universidade possui, sobre a concepção de graduação estabelece a centralização no Projeto Pedagógico, no qual se deve destacar o perfil do profissional que se propõe formar: competências e habilidades, dimensões políticas, sociais e éticas, flexibilização na organização curricular. Propõe a verticalização e a horizontalidade como elementos da graduação. A verticalidade como a relação orgânica entre os diferentes níveis de ensino e em diferentes áreas do saber, e a horizontalidade caracterizada como a relação da UEG com a sociedade.  Essas duas dimensões farão com que as ações dos cursos de graduação da UEG sejam indutoras e apoiadoras do desenvolvimento local e regional, transformando as expectativas, os anseios, as demandas e as necessidades sociais em objetos de ensino, pesquisa e extensão (PPI, 2011, p. 24).
            Esse mesmo documento PPI 2011 expõe os pressupostos e princípios da formação universitária e profissional:
Exercício do pluralismo de ideias e da interdisciplinaridade como condições essenciais da vida acadêmica e profissional, assegurando a apropriação da diversidade do conhecimento, impondo-se o necessário debate acadêmico sobre as várias tendências teóricas presentes na definição da produção do saber, na direção social da formação e na formulação de respostas profissionais às complexas demandas da realidade social (PPI, 2011, p. 27).
 
 
            Esses dois documentos estão disponíveis no sítio da UEG e devem ser conhecidos e levados em conta quando da revisão ou elaboração de novos PPC. No entanto, a Resolução 52/2014 parece ignorá-los, uma vez que propõe reforma curricular sem levar em conta os PPC existentes, sem propor o diagnóstico deles, definir em que precisam ser aperfeiçoados e, de pronto, define a estrutura curricular que todos cursos de graduação da UEG devem seguir.
            Currículo já foi considerado listagem de disciplinas, por meio da seleção de alguns conteúdos que eram considerados importantes em cada época. O currículo já foi humanista, tecnicista, progressista. As teorias tradicionais de currículo eram “teorias de ajuste, de aceitação e de adaptação” (SILVA, 1999, p. 30) enquanto as teorias que surgem a partir da década de 1960, 1970, que incluem conceitos como ideologia, crítica do modelo social, negam a concepção burocrática e administrativa de currículo.           Essas críticas vinham de vertentes marxistas, como dos frankfurtianos, e também das concepções fenomenológicas, hermenêuticas e autobiográficas (SILVA, 1999). Depois veem os neomarxistas como  Michael Apple trazendo a questão do poder na definição de currículo e questiona por que determinados conteúdos são priorizados em detrimento de outros.   Michel Apple propõe compreender currículo como política cultural, na perspectiva de que o currículo precisa “levar em consideração o caráter histórico, ético e político das ações humanas e sociais em particularmente, no caso do currículo, do conhecimento” (SILVA, 1999, p. 51). Ou seja, definir currículo mínimo é retorno à listagem de disciplinas, com a compreensão equivocada de que é isso que dará identidade aos cursos da UEG. Currículo é relação de poder, é campo de conflito e a reforma em andamento está confirmando isso ao impor disciplinas, negando o debate livre de professores e alunos, do campo científico e propondo disciplinas que não garantem a qualidade pretendida.
            Embora o documento Reforma Curricular, apresentado em formato de slides (gravados em pdf), traga no slide 4, que entre junho de 2013 e abril de 2014, deveria haver avaliação dos PPC dos cursos, isso não aconteceu. O encontro regional ocorrido em Anápolis demonstrou, pelos inúmeros relatos dos docentes presentes, que a discussão estava começando naquele momento. Na plenária desse encontro regional vazou a informação de que a Proposta Curricular que se discutia seria levada ao CsU para aprovação. Houve muitas declarações de insatisfação com o processo, de sentimento de enganação aos presentes.
            A aprovação da Proposta, que nem terminou de ser discutida,  aconteceu em reunião do CsU em agosto, devendo todos os cursos se adequarem à estrutura de quatro núcleos que se propôs para as matrizes dos cursos. Destaque-se que a resolução prevê, em seu art. 7º, que os PPC estejam prontos até outubro de 2014, sendo que os Fóruns de modalidades estão acontecendo no mesmo mês que o presente texto está sendo escrito, ou seja, setembro de 2014 e os Fóruns de cursos acontecerão em outubro de 2014. Ou seja, os calendários coincidem, negando o debate, a reflexão, requeridos num processo de revisão curricular que se poderia pretender. Revisão curricular e não reforma curricular.
            A estrutura curricular é o item do PPC que apresenta a matriz curricular, com os conteúdos e disciplinas consideradas necessárias para atingir o perfil profissional pretendido. Como fazer isso sem avaliar o PPC em vigor, pensar nas mudanças que podem ser necessárias, olhando o calendário, a “toque de caixa”? Os exercícios que os cursos estão fazendo são mais de adequação à estrutura da “pizza” proposta, ou seja, aos quatro núcleos. 
            A forma como esse trabalho tem sido coordenado, a reforma curricular (sic) tem sido mais um ‘template” no qual os cursos devem adequar sua matriz, sem PPC!! Template é um modelo de documento no qual se insere conteúdos. Tem a apresentação visual, como os cabeçalhos, por exemplo, com instruções sobre onde e qual tipo de conteúdo deve entrar em cada parte da apresentação.
            É o que traz o art. 2º da Resolução 52/2014:
            O Conceito de estrutura tem diferentes acepções a depender do campo científico a que se refere. Veja-se o que diz o dicionário:
1.       algo constituído de partes distintas
2.       partes de um corpo responsáveis pela sua resistência e/ou sustentação
3.       modo como partes organizadas se relacionam
4.       (Biologiamodo de organizaçãoconstrução e arranjo dos tecidos ou órgãos
5.       (Geologia) a composição de uma rocha, em oposição à sua textura
6.       (Química) a maneira pelo qual os átomos se organizam em uma molécula
7.       (Sociologia) o sistema de relações entre os grupos constituintes de uma sociedade
8.       (Linguística) o padrão de organização de uma língua como um todo ou os relacionamentos entre seus elementosconstituintes (como morfemasfonemas, etc)
9.       (Lógica) lista de atribuições, contendo geralmente um universo de discurso, para os diversos sinais que constituem o alfabeto de um sistema lógico, de modo que sejam associados a todas as fórmulas deste sistema valores veritativos; modelo; interpretação
De posse dos três primeiros conceitos (algo constituído de partes distintaspartes de um corpo responsáveis pela sua resistência e/ou sustentaçãomodo como partes organizadas se relacionam), que são de cunho mais geral, tentou-se fazer um exercício de adaptar o curso de Pedagogia, matriz 2009, na estrutura proposta que se forma por quatro núcleos.            Veja-se também o conceito de núcleo, uma vez que são quatro e não apenas um como se compreende usualmente. Pelo desenho apresentado no documento Reforma Curricular, trata-se de partes de um mesmo núcleo.
Igualmente, são muitos os conceitos de núcleo, a depender do campo científico.
 Veja-se o que traz o dicionário:
1.       miolo da nozavelãamêndoapinhão ou de outras frutas
2.       (Figurado) a melhor parte; o escol
3.       sedeempório
·         O Vale do Sílicio é o núcleo de produção de eletrônicos e softwares dos EUA.
4.       (Figuradoelemento que ocupa a posição central de uma estruturacentroessência
·         núcleo do problema social no Brasil é a desigualdade econômica.
5.       (Astronomia) o centro de uma galáxia
6.       (Biologia) (Citologiacorpo (organelaarredondado encontrado no citoplasma das células eucarióticas
7.       (Eletrônicacorpo magnético utilizado como condutor para o fluxo magnético de uma bobina
8.       (Física) a região central de um átomo, formado por prótons e neutrons
9.       (Geologia) a parte central (profunda) do planeta Terra
10.    (Linguísticaelemento do sintagma que determina o caráter nominal, ou verbal, ou adjetival da construção
11.    (Químicaanel ou ciclo de um composto aromáticociclo aromáticoanel aromático
12.    (Químicacadeia cíclicacadeia fechadacadeia de átomos distribuídos em formato de anel
Na resolução 52/2014, o termo núcleo refere-se a eixos de disciplinas, o que é outro conceito a ser compreendido. Cada disciplina tem um eixo ou o eixo é do curso em sua totalidade, como tem o curso de Pedagogia?
 
          Peguemos o conceito 4 de núcleo, em sentido figurado, que acredita-se  ser a intenção da equipe produtora da reforma, que é:  elemento que ocupa a posição central de uma estrutura, centro, a essência.  A estrutura, então, tem quatro centros, essenciais aos cursos, que são o que é comum, o que é da modalidade, o que é específico, o que é livre.  Ou ainda, como expresso anteriormente, partes de um núcleo, que também são denominados de núcleos.
          A intenção é fazer um exercício de “adequação” do curso de Pedagogia a essa resolução, que obriga os cursos de graduação da universidade a se adequar a ela.
          Embora a estrutura curricular seja parte do PPC, na resolução o PPC é parte da estrutura, uma vez que o inciso V do art. 1º fala da estrutura curricular e no seu § 4º diz que o PPC deve prever oferta de disciplina na modalidade semipresencial. É o único momento que se fala em PPC.
NÚCLEO COMUM
Nesse núcleo, a resolução 52/2014 determina as seguintes disciplinas, com o eixo transversal Educação Ambiental: Introdução ao ensino superior, Educação em Direitos Humanos, Diversidade e relações étnico-raciais, Leitura e Produção de textos. Veja-se que o único eixo apresentado aqui é Educação Ambiental e não aparece eixos em outros denominados núcleos. Vale destacar ainda que o curso de Pedagogia oferece uma disciplina de Diversidade e tem um Eixo denominado Diversidade, ambos no 8º período.
Destaque-se a contradição em sugerir que o currículo tenha uma disciplina sobre Diversidade e relações étnico-raciais e o currículo ser uniformizado (sic) em núcleos e determinadas disciplinas. Segundo Apple (1995), uma cultura comum não leva em conta a imensa heterogeneidade cultural de uma sociedade. “Pensa-se cultura como um modo de vida homogêneos, e não como um campo de diferenças, relações e poder” (1995, p. 79).
                   Vale lembrar que o curso de Pedagogia tem uma disciplina denominada Atividades de Enriquecimento e Aprofundamento, nos oito semestres do curso, no total de 480 horas. Essa disciplina tem atendido as necessidades dos cursos de Pedagogia oferecidos na UEG em 15 unidades diferentes. Garante a flexibilidade curricular e é possível que em algumas dessas unidades essas disciplinas sejam oferecidas. Na da UnUCSEH, por exemplo, trabalhamos com Diversidade, Educação Ambiental, Leitura e Produção de textos, três das quatro disciplinas que, segundo a resolução, devem ser oferecidas.
           
Os eixos organizadores do currículo do PPC do curso de Pedagogia são oito, um para cada semestre letivo. Os eixos são considerados temáticas que podem possibilitar diálogo interdisciplinar, de forma que em todas as disciplinas em cada período, os professores preparem os seus planos de ensino de acordo com eles, quais sejam:
 
A - Educação e Sociedade
B - Educação e Conhecimento
C – Educação, aprendizagem e linguagem
D –Educação, Cultura e Conhecimento Escolar
E – Políticas educacionais e a construção da prática pedagógica
F – Conhecimento escolar e docência
G – Autonomia processos educativos e investigativos na educação escolar
H – Educação e diversidade
 
As disciplinas do curso de Pedagogia dependem ainda das dimensões do seu PPC, e também a Pesquisa e a Prática. As dimensões da organização curricular buscam abranger todas as dimensões da educação, em seus aspectos macro, meso e micro e Pesquisa e Prática (PP). São nessas dimensões que as disciplinas e seus conteúdos e as atividades da dimensão da pesquisa e prática estarão situadas. 
            De acordo com Nóvoa[1] (1995), a escola assume-se “como uma espécie de ‘entre - dois’onde se exprime o debate educativo e se realiza a ação pedagógica” (NÓVOA, 1995, p.30). Ou seja, o entre - dois refere-se a estar no meio, na dimensão meso, entre as teorias macroscópicas e os estudos microscópios. Estas teorias produziram um “conhecimento útil e pertinente do ponto de vista do pensamento e da ação pedagógica” (NÓVOA, 1995, p.30).
            Segundo o mesmo autor,
A escola é encarada como uma instituição dotada de uma autonomia relativa, como um território intermédio de decisão do domínio educativo, que não se limita a reproduzir as normas e os valores domacro-sistema, mas que também não pode ser exclusivamente investida como um micro-universodependente do jogo dos atores sociais em presença” (NÓVOA, 1995, p.30)
            Isso significa que as dimensões macro, meso e micro do projeto curricular do curso de Pedagogia referem-se aos aspectos dos fundamentos, das políticas emanadas dos poderes legislativo e executivo, que são o nível macro do sistema. Nessa dimensão macro estão os conteúdos teóricos fundamentais à formação do pedagogo e que darão aos egressos dele o suporte teórico para compreenderem a educação e agir conscientemente nos processos educativos.
A dimensão meso refere-se ao mundo da escola, espaço aonde as políticas chegam e se alteram, devido à autonomia, mesmo relativa, que a escola possui. Nesta dimensão estão os conteúdos necessários à compreensão da escola, da sua organização, gestão, movimentos dos seus agentes.
A sala de aula é a dimensão micro. As políticas emanadas dos sistemas, modificadas na escola, se alteram ainda mais com o ‘jogo’ dos agentes, professores e alunos, na sala de aula. No currículo do curso de Pedagogia da UnUCSEH, as disciplinas dessa dimensão são as relativas aos conteúdos específicos e as metodologias do currículo da Educação Básica, em especial, a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental.
Garantir as três dimensões no decorrer de todo o curso é uma perspectiva que se apresenta para superar a já tão desgastada opção de ter as disciplinas teóricas no início do curso e as práticas ao seu final. Manter a relação teoria/prática no desenvolvimento de todo o curso, como estrutura do próprio currículo, é a intenção do PPC do curso de Pedagogia.
As disciplinas da dimensão macro são:
1º período:
Teoria Social, Educação e Estado
Leitura, Interpretação e Produção de Textos Acadêmicos
2º período:
Bases Epistemológicas e Educação
 Psicologia e Educação – Desenvolvimento
 Teorias Pedagógicas
3º período:
Filosofia da Educação
Psicologia da Educação - Aprendizagem
4º período:
História da Educação
Cultura Escolar e Currículo
5º Período:
Políticas da Educação Básica
6º período:
Organização e gestão da educação básica
7º período:
Financiamento e gestão dos recursos da educação básica
8º período:
Educação e Diversidade
 
 
NÚCLEO DE MODALIDADE
Para esse núcleo são propostas as disciplinas: Metodologia científica para licenciados (por que para licenciados, se a pesquisa é científica por que é diferente a depender da modalidade do curso? O que muda é o método de cada campo científico, mas não da modalidade de um curso); Didática, Política e gestão escolar; Filosofia da Educação, História da Educação, Sociologia da Educação, Psicologia da Educação, Prática como componente curricular.
Em que pese a importância de os cursos de licenciatura assumirem-se como formadores de professores, pergunta-se: A UEG tem professores formados em Pedagogia ou em stricto sensu da área de Educação para ministrar essas disciplinas em todas as suas licenciaturas?
Todas essas disciplinas fazem parte do currículo do curso de Pedagogia e, como são específicas desse campo científico, são denominadas de Fundamentos da Educação e cabem, como se exige, no Núcleo Comum ou aqui, o que dificulta a adequação pedida ao esquema proposto. No curso de Pedagogia essas disciplinas não são apenas de modalidade, mas são específicas do campo da ciência da Educação, ou seja, a Pedagogia.
Aqui podem ficar também as disciplinas da dimensão meso, que são as que se referem à vida na escola. Nesse núcleo mantemos os eixos e ela é uma dimensão.
Para melhor compreensão, apresentamos o esquema do curso de Pedagogia em vigor na UnUCSEH e outras 14 unidades da UEG que oferecem o mesmo curso e ele mostra a riqueza da sua concepção que tem ainda Princípios e processos, que são:
 
Principios:
1) Pesquisa como princípio cognitivo e formativo
2) Integração entre teoria e prática – práxis:
3) Flexibilização
Processos:
1) Ação coletiva e interdisciplinar
2) Indagação/intervenção:
Dimensões: macro, meso e micro
E ainda:
Pesquisa e Prática - (PP) – tema transversal do curso         
Atividades de enriquecimento e aprofundamento – 420 horas
Atividades acadêmico-científico- culturais (Atividades complementares)
 
 
NÚCLEO ESPECÍFICO da resolução 52/2014:
Aqui podem ficar as disciplinas da dimensão micro e de Pesquisa e Prática.
Temos ouvido relatos de professores de outros cursos que esse Núcleo está fortemente diminuído e prejudicado com as disciplinas obrigatórias, uma vez que as obrigatórias são em número de 12, sete no Núcleo Modalidade e cinco no Núcleo Comum, além das disciplinas do Núcleo Livre.
 
NÚCLEO LIVRE
            Aqui ficam as disciplinas AEA? Elas deixam de compor o currículo porque são livres aos alunos e, portanto, eles podem cursar disciplinas em qualquer das quatro instituições públicas de Goiás (IFGoiás, IFGoiano, UFG e UEG em qualquer unidade). Quem arcará com os custos de um aluno que queira cursar disciplinas fora da sede do curso em que está matriculado? As disciplinas cursadas no Núcleo Livre devem estar em consonância com o curso em andamento, ou pode ser qualquer uma? Qual o objetivo dela? Se o estudante fizer uma disciplina no curso de Gastronomia, servir vinhos por exemplo, pode ser aproveitado no curso de Pedagogia? As disciplinas do Núcleo Livre devem ou não dialogar com o perfil profissional definido pelo curso?
            O Núcleo livre são disciplinas que o curso oferece para alunos de outros cursos? Ou são apenas internas aos cursos? Isso ainda não está claro. No anexo desse documento, apresenta-se a programação da UFG, universidade parceira no projeto de Mobilidade Discente, com os critérios para aceitação das disciplinas cursadas em outras IES. A Resolução 52/2014 não deixa claro o que cada termo significa e não tem dado condições de os cursos repensarem seus PPC, avaliarem se desejam alterá-lo e em quê.
 
            PROPOSTA QUE O CURSO DE PEDAGOGIA DA UNUCSEH FAZ:
            Revogar a resolução CSU nº 52, de 7 de agosto de 2014, uma vez que ela engessa e desfaz o currículo do curso de Pedagogia da UEG de Ciências Humanas de Anápolis/Jundiaí. Entende-se que todos os componentes propostos são ofertados nesse currículo em andamento, o qual é arrojado, flexível, atende as diferenças regionais da UEG, com as AEA.
            Propõe-se a manutenção desse Projeto Pedagógico do Curso e o início da avaliação dos PPC em vigor e definição da necessidade ou não de revisão deles. Revisão e não reforma curricular!
            Entende-se, como Freire (1983), que o que nos caracteriza enquanto seres humanos é a nossa capacidade de criar e de modificar aquilo que está posto, enquanto os outros animais da natureza só são capazes de se adaptarem e de se ajustarem, são passivos. “Enquanto o animal é essencialmente um ser da acomodação e do ajustamento, o homem o é a integração” (FREIRE, 1983, p 43)[2]
 
REFERÊNCIAS
APPLE. Michael W. A política do conhecimento oficial: faz sentido a ideia de um currículo nacional? In: MOREIRA, Antonio Flávio e SILVA, Tomaz Tadeu da (orgs.). Currículo, cultura e sociedade. Tradução de Maria Aparecida Batista. 2ª ed. revista. São Paulo: Cortez, 1995.
FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. 14ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
GOIÁS, Universidade Estadual de Goiás. Plano de Desenvolvimento Institucional 2010-2019. Abril 2010.
GOIÀS, Universidade Estadual de Goiás. Projeto Pedagógico Institucional. Junho de 2011.
GOIÁS, Universidade Estadual de Goiás. Resolução CsU nº 52, de 7 de agosto de 2014.
NÓVOA, Antonio. Para uma análise das instituições escolares. In: NÓVOA, Antonio (coord).  As organizações escolares em análise. 2ª ed. Lisboa: Dom Quixote, 1995.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade – uma introdução às teorias de currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO
 
MOBILIDADE DISCENTE NA UFG

Programa de Mobilidade entre as Instituições Públicas de Ensino Superior

O Programa IPES/GO de Mobilidade Acadêmica é resultante de um Acordo de Cooperação celebrado entre as Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de Goiás (IPES/GO).
Tem como objetivo propiciar aos estudantes de graduação da UFG, IF Goiano, IF Goiás, e UEG, regularmente matriculados, a possibilidade de cursarem componentes curriculares, de seu curso, em instituição diferente da sua de origem por até três semestres letivos consecutivos.

Condições de participação

Alunos da UFG
  • Iniciar o pedido na Coordenação do Curso (preencher o formulário de solicitação da participação no PMIPES/GO em conjunto com o Coordenador de Curso).
  • O aluno solicita ao Coordenador do Curso sua participação no Programa, e este analisa o pedido observando se atende ao disposto no §1 da Cláusula Segunda do Acordo de Cooperação e ao Projeto Pedagógico do Curso, no que tange aos seguintes aspectos:
a) deve ter concluído pelo menos vinte por cento da carga horária de integralização do curso de origem e ter no máximo duas reprovações acumuladas nos dois períodos letivos que antecedem o pedido de mobilidade;
b) verificar a compatibilidade das disciplinas solicitadas para posterior aproveitamento.
  • Após esses procedimentos, encaminhar ao Coordenador Institucional do PMIPES/GO da UFG a referida solicitação, acompanhada da documentação descrita no próprio formulário (cópia dos documentos pessoais, histórico escolar original, carta de motivação e ementa de todas as disciplinas cursadas até o momento da solicitação). O plano de estudos deverá ser realizado pelo estudante sob orientação direta do Coordenador de Curso, a fim de que as disciplinas cursadas durante a mobilidade sejam aproveitadas em sua totalidade após o retorno do estudante.
Alunos de outras IPES/GO
  • O aluno solicita ao Coordenador do Curso da instituição de origem sua participação no PMIPES/GO, instruído com as disciplinas que serão cursadas no UFG.
  • O referido Coordenador do Curso analisa o pedido do aluno verificando se atende ao disposto no Acordo de Cooperação de Mobilidade Acadêmica e encaminha ao Coordenador Institucional do PMIPES/GO daquela instituição.
  • O Coordenador Institucional do PMIPES/GO da Instituição externa (IF Goiano, UEG ou IFG) examina o pedido e o envia à Coordenação do PMIPES/GO da UFG.
 Prazos para recebimento dos pedidos do PMIPES/GO para 2015/01
1º ciclo:
  • Dia 15/09 - Início do período para estudantes do IF Goiano e de outras IPES/GO solicitarem a participação no Programa IPES/GO de Mobilidade Acadêmica com ingresso no 1º semestre/2015.
  • Dia 24/10 - Término do período para estudantes do IF Goiano solicitarem a participação no Programa IPES/GO de Mobilidade Acadêmica com ingresso no 1º semestre/2015.
  • Dia 31/10 - Término do período para a UFG receber os pedidos de estudantes de outras IPES/GO com ingresso no 1º semestre/2015.

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