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O Movimento Mobiliza UEG consiste num movimento unificado de professores, estudantes e funcionários técnico-administrativos da Universidade Estadual de Goiás, espontâneo, independente, não institucionalizado, não hierarquizado e que adota como estratégia de atuação a ação direta. Seu objetivo é intervir no processo de construção da UEG com a finalidade de torná-la, de fato, uma universidade pública, gratuita, autônoma e democrática, capaz de cumprir o seu papel enquanto instituição de educação superior, produtora e socializadora de conhecimentos que contribuam para o bem-estar da sociedade goiana, em particular, da sociedade brasileira, em geral, e, quiçá, de toda a humanidade, primando pela qualidade reconhecida social e academicamente.
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sábado, 17 de maio de 2014
Posicionamento do MOBILIZA UEG Frente à Nova Reforma Curricular na UEG
A atual proposta de reforma curricular
da UEG tem a intenção apenas de reduzir os custos e maximizar os
lucros para financiamento das campanhas eleitorais que se aproximam.
O currículo tem a ver com intenções de
controle das transformações sociais. Das funções de um currículo a básica é
fabricar indivíduos ‘dóceis’, ‘adestrados’, para ‘torná-los humanos’ com rótulo
de ‘disciplina’. O currículo é um componente que direciona a formação na
educação básica e no ensino superior. O currículo não possui neutralidade.
A ideia de “neutralidade” atribuída ao
currículo é uma tomada de posição. O posicionamento de um currículo revela a intenção
que o currículo reflete: ideias e interesses hegemônicos de grupos
ideologicamente determinados.
Na construção e execução de um
currículo mesclam-se significados, intenções, interesses e ideologias. O
currículo evidencia o “para que” e “para quem” serve o conhecimento. Historicamente,
o mesmo sempre foi usado para afirmar as visões conservadoras e elitistas da
sociedade brasileira.
Os cursos de formação de professores
sempre foram vitimas desse processo, a redução de especificidades, a
especialização precoce, a fragmentação dos conteúdos e o aligeiramento da
formação são alguns exemplos que comprovam essa realidade. No momento atual, na
UEG, estamos novamente com uma proposta que prima pela redução de disciplinas
específicas e abre a possibilidade da redução da carga horária dos cursos,
comprometendo diretamente a carga horária docente. O que se arrola como
formação profissional de qualidade é diplomar indivíduos inaptos para tomadas
de decisão e totalmente carentes de “mãos invisíveis” que os posicione e
indique direção do que fazer.
Em que pese necessidade do debate em
relação à formação do professor, desconsiderar estes elementos, conforme demonstra
a Pró-Reitoria de Graduação, deixa claro e notória a sua intenção de simplesmente
reduzir custos, e contraditoriamente ampliar o número de unidades. Mais ainda,
fazer da UEG cabide de emprego e palanque eleitoral em ano de eleições. A
reitoria prova que a lógica travestida de inovação, nada mais é do que uma
armadilha para efetivar a redução da qualidade da formação de professores na universidade
e, consequentemente, atender demandas empresariais por mão-de-obra docente
‘dócil’ [ao que chamam ‘disciplinada’] e numericamente ampliada em menos tempo.
Isto favorece a ampliação não da mão-de-obra docente, mas a ampliação do
excedente de trabalhadores necessários às políticas de controle de acesso a
cargos e salários. Além do que permite a formação de quadros de trabalhadores
aptos a pensar a educação apenas em termos de escolarização [tempo de vida
transcorrido no interior de instituições de ensino] e a aprendizagem em forma
de diplomas.
O debate economicista não é uma
imposição. Ele não aceita termos que escapam ao puramente econômico. Entende o
indivíduo apenas como um ‘tipo ideal’ abstrato, quando não metafórico ou
numérico. O debate economicista parte apenas dos princípios onde a formação dos
professores passa pura e simplesmente pelo aumento de uma carga horária de
disciplinas pedagógicas e de temas transversais. Desconsidera o distanciamento
que existe entre a escola e a universidade. No que tange o debate sobre a
educação e sua finalidade na sociedade capitalista, despreza acima de tudo os
contextos históricos, sociais, existentes na própria educação. Por isso, é
incapaz para pensar as aprendizagens que acontecem o tempo todo na vida humana.
Optar por cópias de modelos
norte-americanos, que formam professores procurando reduzir completamente a
criticidade em relação aos dogmas impostos pelo Estado, no qual tem como
reflexo a retirada constante de disciplinas das áreas humanas e reforçado o
ensino da língua [nomenclaturas, ‘novilingue’] e das exatas, são procedimentos
já vistos ao longo da historia da educação brasileira desde o período da
ditadura militar no Brasil.
No entanto, o atual momento é mais
delicado, pois o Estado tem pressa de formar os novos professores, já que
vivenciamos o apagão educacional, causado pelo descompromisso dos governos em
não cumprir os acordos estabelecidos. O piso nacional salarial continua não
sendo pago na maioria dos Estados e municípios, a imposição de modelos
produtivistas equacionados ao tecnicismo dos testes e amparados pelas atuais
políticas de responsabilização (“Pacto pela Educação”), no qual alunos e professores
aceitam certificação como “excelência” e se submetem à cruel lógica da
meritocracia e da exploração intensa na procura de um bônus como salvação para os
parcos salários que recebem.
Nessa atual conjuntura, as mudanças propostas
pela Reitoria da UEG, através da Pró-reitoria de Graduação, têm como objetivo
contribuir para essa deformação na formação de professores. Impõe a
todos os cursos uma “identidade” uegeana, fantasiada nos limites de uma
prancheta engenhosamente ‘quadrada’, na qual não faz eco a diferenciação das
áreas de exatas, biológicas e humanas.
Modificar a carga horária dos
professores lotados nas unidades, fazer com que esses sejam obrigados a
trabalhar em mais de uma unidade, desconsiderar completamente o debate
entre ensino, pesquisa e extensão, são elementos que mostram a real
intenção desse discurso: a construção de um trabalhador de novo tipo, flexível,
polivalente, submisso, dócil, disciplinado e dentro de um contexto marcado pelo
desemprego estrutural e pela precarização do trabalho instituído pelo capital,
a pretexto de uma nova reestruturação produtiva de cariz neoliberal.
Na realidade, não querem discutir a
formação de professores, e sim impor a deformação em uma carreira que caminha a
passos largos para uma ressignificação [que pode ser entendida como extinção].
O pior de tudo isso é que, dentro da própria universidade, os nossos pares
aceitam tais imposições sem perceberem o que realmente está em jogo. Quer
dizer, dentro da universidade já existe contingentes de trabalhadores desse
‘novo tipo’, flexíveis, que acreditam realmente que formar indivíduos
autônomos, responsáveis pelas suas ações, significa dizer “tu deves”, numa
clara continuação da educação bancária que ele [que desolação] creem combater
quando dizem aos educandos “tu deves” ser
autônomo e responsável, “tu deves”
ser assim, fazer assado.
As ameaças de fechamento de cursos que
não possuem demanda – principalmente nas
licenciaturas – constituem-se num absurdo total, já que a universidade contraditoriamente
continua expandido a construção de novas unidades e criando outros
cursos. Criar cursos tecnológicos ao bel prazer dos burocratas,
permitindo assim que a UEG vire um híbrido, como ocorreu com todos os IFG’s,
mostra realmente o descompromisso e o descaso com a qualidade de ensino
que os setores pensantes da universidade insistem em fazer. A leitura que eles
fazem da realidade revela menos a realidade do que os próprios leitores e suas
intenções, revela os híbridos que se tornaram os próprios indivíduos que
assumiram os ideais embotados, empapados como se fossem seus cérebros de mamão
ou de banana.
Antes de pensar
currículo, devemos pensar em que professor queremos formar, que tipo temos
formado e em que sociedade estamos vivendo. Queremos realmente continuar reproduzindo
os valores conservadores e elitistas do insaciável mercado que promove a
barbárie, cada vez mais intensa? Queremos a formação para o desconhecido, para
a criatividade, para a liberdade e para o enfrentamento desta obscura realidade
atual?
MOVIMENTO MOBILIZA UEG
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