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O Movimento Mobiliza UEG consiste num movimento unificado de professores, estudantes e funcionários técnico-administrativos da Universidade Estadual de Goiás, espontâneo, independente, não institucionalizado, não hierarquizado e que adota como estratégia de atuação a ação direta. Seu objetivo é intervir no processo de construção da UEG com a finalidade de torná-la, de fato, uma universidade pública, gratuita, autônoma e democrática, capaz de cumprir o seu papel enquanto instituição de educação superior, produtora e socializadora de conhecimentos que contribuam para o bem-estar da sociedade goiana, em particular, da sociedade brasileira, em geral, e, quiçá, de toda a humanidade, primando pela qualidade reconhecida social e academicamente.

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domingo, 13 de novembro de 2016

Nota de Repúdio à Criminalização das Ocupações na UEG: OCUPA ESEFFEGO



Da Ocupação Eseffego ao reitor da Universidade Estadual de Goiás, Haroldo Reimer 

Goiânia, 12 de novembro de 2016.
Caro reitor, sua atitude no processo 5290460.23.2016.8.09.0051 concretiza a quebra total de confiança de nós, alunos do campus Eseffego, ante o senhor. O senhor agiu de má-fé ao compactuar com texto tão calunioso sobre um movimento legítimo e horizontal sem precedentes na história da Universidade Estadual de Goiás. A história não o perdoará. Nós não o perdoaremos. Ocupamos nossa faculdade em assembleia legítima, documentada em ata, no dia três (03) de novembro de 2016. Ratificamos a ocupação, no dia 10 de novembro de 2016, com a presença de 260 alunos, e documentamos em ata. O que comprova a falta de verdade do seguinte trecho presente no processo movido pela reitoria: “os réus vêm ocupando o imóvel público em questão (...), tendo-o invadido clandestinamente, sem justo título”. Como nossa ocupação pode ser considerada uma invasão? Como pode questionar a legitimidade da ocupação? Como o senhor, reitor, é capaz de tantas mentiras? Tal postura nos faz questionar se o senhor tem capacidade ética para continuar no cargo de reitor da Universidade Estadual de Goiás. Nossa causa é de suma importância à educação do país. Nos mobilizamos para evitar as medidas de austeridade que vão afetar as áreas sociais da Saúde, da Educação e da Assistência. É uma luta imprescindível para o futuro da nação. Nossa causa é de suma importância ao curso de Licenciatura em Educação Física. A reforma do ensino médio proposto pelo governo federal via medida provisória mecaniza o ensino e transforma as salas de aula em laboratórios de McDonaldização. Por isso, o trecho a seguir, presente no processo, também não condiz com a verdade: “(...) o movimento está indo de encontro à própria educação”. Nossa causa é de suma importância para a reforma da Eseffego. Nosso campus está caindo aos pedaços. Desde a construção, nunca passou por reforma geral. Somos uma das instituições de ensino superior mais antigas de Goiás. Já fomos uma das melhores do Brasil. Nosso prédio está em ruínas - é literal. Pedaços das construções saem nos nossos pés; há risco de desabamento. Nós, alunos, vivenciamos a Eseffego e sabemos que não há reformas em andamento. Existem conversas jogadas ao vento e projetos sempre postergados. O que prova que a assertiva a seguir, presente no processo, é falsa e tenta nos colocar como empecilho para a tão esperada reforma do campus: “(...) a UEG está às vias de deflagrar processo de reforma do prédio na área ilicitamente ocupada, de modo que recursos públicos já foram e ainda serão empregados para garantir o pleno acesso à Educação Superior”. Somos um movimento social organizado, reitor. Nesses dez dias de ocupação, recebemos o depoimento do diretor administrativo da Eseffego: “Nunca vi o campus tão bem cuidado em minha vida”. O que contradiz o seguinte trecho do processo: “É preciso tomar atitude (...)sob pena de dilapidação do patrimônio público, sem contar a possibilidade de se culminar em violência”. Somos um movimento social organizado. Realizamos mais de 20 oficinas, rodas de conversas e palestras para a formação dos ocupantes. Reaviamos a rotina cultural e o lócus de convivência extraclasse há muito tempo esquecido na Eseffego. As refeições coletivas - que o senhor jamais será convidado, por trair a comunidade acadêmica – estreitaram as relações de todos os envolvidos. Vivemos nesses dez dias harmoniosamente, resolvendo conflitos e pensando coletivamente. Não somos sabujos de ninguém! Respeite-nos. Não estamos sob clara “influência externa”, como aponta o ardiloso processo. Nossa autogestão é exemplar e apoiamos outros movimentos de ocupação, principalmente campus da Universidade Estadual de Goiás. Atente-se: a universidade é nossa! O diretor do campus Eseffego, na presença do pró-reitor de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis da UEG, Marcos Torres, e de nós, alunos, elogiou o movimento e ressaltou o caráter formativo da ocupação. O que também anula as infundadas denúncias de desvio de função do espaço público. Nossa formação, caro reitor, está em constante processo. Aqui vivenciamos aulas, lições e debates impossíveis num movimento formal. Estamos vivenciando processos não formais de educação, compreendidos muito além das dimensões curriculares de aprendizagem. “O patrimônio natural e científico e os processos culturais e educativos não podem estar subordinados ao mercado e ao capital, mas ao conjunto de direitos que configuram a possibilidade de qualificar a vida de todos os seres humanos”, nos explica Gaudêncio Frigotto, no livro Educação e crise do trabalho: perspectiva de final de século, de 2002. Afirmação que desconstrói o pensamento retrógrado contido nesse trecho do processo: “com a paralisação dos campus, os professores não podem ministrar suas aulas, ocasionando atraso no calendário acadêmico”. A educação, caro reitor, é elemento crucial no processo de emancipação da classe trabalhadora. Nossa ocupação, condenada pelo senhor, caro reitor, é culpada por verticalizar o processo educacional a limites nunca antes vistos na história da Universidade Estadual de Goiás.


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