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O Movimento Mobiliza UEG consiste num movimento unificado de professores, estudantes e funcionários técnico-administrativos da Universidade Estadual de Goiás, espontâneo, independente, não institucionalizado, não hierarquizado e que adota como estratégia de atuação a ação direta. Seu objetivo é intervir no processo de construção da UEG com a finalidade de torná-la, de fato, uma universidade pública, gratuita, autônoma e democrática, capaz de cumprir o seu papel enquanto instituição de educação superior, produtora e socializadora de conhecimentos que contribuam para o bem-estar da sociedade goiana, em particular, da sociedade brasileira, em geral, e, quiçá, de toda a humanidade, primando pela qualidade reconhecida social e academicamente.
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terça-feira, 18 de junho de 2013
Retórica do governo Marconi Perillo torna a palavra “acerto” mal-dita
Caros leitores, este texto foi transformado num abaixo-assinado, bem ao estilo deste Movimento.
José Santana da Silva; Neilson Mendes; Divina Aparecida L. L. Lima; Marcos Augusto M. Ataídes; Eliane Gonçalves Anderi; Roseli Tristão Maciel; Glauber Lopes Xavier; Mary Anne V. Silva; Cláudia Araújo
Dependendo do contexto e dos interesses que expressa, uma
palavra de significado positivo pode se tornar mal-dita. No último ofício
enviado à Comissão de Negociação deste Movimento (ofício nº 513/13, de
12/6/2013), em resposta a mais uma solicitação de audiência com o governador
Marconi Perillo para retomada das negociações, o secretário de Ciência e
Tecnologia inicia o referido documento dizendo que “o governador Marconi
Perillo reafirma seu total empenho no cumprimento das medidas acertadas com a Comissão de Negociação
do Movimento Mobiliza UEG, durante a reunião do último dia 21 de maio no
Palácio das Esmeraldas”. “Medidas
acertadas”, senhores governador e secretário, ou imposição unilateral?
Como é possível haver “acerto”, se uma das partes sequer
teve a oportunidade de dizer se concordava ou não com o anúncio das tais
“medidas” apresentadas pelo interlocutor? Certamente, muitos não sabem que, na
primeira e única audiência com o governador, ele admitiu atender, conforme
exigido, apenas o primeiro ponto da pauta de reivindicações, qual seja, encaminhar
à Assembleia Legislativa o projeto de reformulação do Plano de Cargos e
Vencimentos dos professores, elaborado por uma comissão de docentes ainda em
2009. Esse projeto foi devolvido pelo secretário da SEGPLAN no final do ano
passado com o argumento de que elevaria os custos com a folha de pagamento da
UEG. Ao iniciarmos as mobilizações em fevereiro último, o governador aceitou recebê-lo
novamente e somente no dia 10 deste mês o encaminhou para a Assembleia
Legislativa. Tudo resultado da nossa pressão.
A autorização dos concursos para professor (250 vagas) e
funcionários administrativos (500 vagas) já estava definida, antes de iniciarmos
a greve atual. Só faltava a assinatura do governador. Mesmo assim, após quase
um mês, os editais relativos a esses concursos ainda não foram publicados.
Quanto a esse ponto, o que reivindicamos é um cronograma para preenchimento de
todas as vagas existentes no quadro das duas categorias, que continuam sendo
ocupadas por professores e funcionários submetidos a contratos temporários que
já duram até 24 anos. Por que não realizar concursos de acordo com as
necessidades de cada curso ou área? Poderiam ser efetuados vários ao mesmo
tempo, permitindo o preenchimento das vagas num prazo mais curto.
A criação de “250 funções gratificadas” de coordenadores de
cursos e setoriais demonstra o privilegiamento das atividades-meio em
detrimento das atividades-fim (ensino, pesquisa e extensão), na medida em que
se nega a repor as perdas salariais (13,86%, até o momento) e a conceder o
aumento real de 10% (total de 25,24%) sobre os vencimentos dos professores
imediatamente. Segundo projeções, as perdas salariais dos funcionários
administrativos podem chegar a 80% nesses 14 anos de existência da UEG.
Além de se recusar a apresentar uma contraproposta de
reposição e aumento dos vencimentos, o governador transferiu ao reitor a
responsabilidade de negociar esse item, devendo contar apenas com os atuais
recursos destinados à UEG (2% da receita líquida do estado). É desnecessário
dizer que é impossível atender a essa demanda com tão poucos recursos, que,
além de serem insuficientes para a manutenção básica da Instituição, nunca foram
integralmente repassados pelo governo. Um relatório do Tribunal de Contas do
Estado demonstra que, em 2012, menos de ¾ (1,37%) do montante previsto foram
entregues à UEG.
A outra “medida”, que o governo diz ter “acertado” com a
Comissão de Negociação do Movimento (melhor seria dizer imposta), foi a criação
de um “bônus por resultados” para apenas 50% (!) dos funcionários
administrativos, que variará de 5% a 15% do vencimento básico a ser pago com os
recursos atuais, de acordo com a classificação na avaliação de desempenho. Além
de não ser incorporado aos vencimentos, esse bônus tem prazo de validade: até
janeiro de 2015. O resultado dessa “medida” será uma competição canibalesca
entre os funcionários. Tudo segundo o figurino neoliberal da produção de
resultados, às custas da intensificação do trabalho.
Chega a ser cômico que o governo se comprometa a repassar
integralmente à UEG os minguados 2% da receita líquida do estado que estão
previstos em emenda à constituição do estado. Esta é uma confissão descarada do
governo Marconi Perillo de que não cumpre a própria constituição estadual, que
ele jurou observar e fazer cumprir no dia em que foi empossado no cargo pela
terceira vez. Seria o caso de perguntarmos: onde estão os agentes do Ministério
Público com seus avantajados vencimentos que nada fazem para garantir o
cumprimento da constituição pelo chefe do executivo estadual?
Por fim, no dito ofício enviado pelo secretário da SECTEC,
ele afirma, em nome do governador, que foi estabelecido “um novo teto salarial
para docentes e técnico-administrativos em contrato temporário”. Até o momento,
não foi possível identificar o que isso representará em termos de vencimentos
para as duas categorias. Mas, de uma coisa estamos certos, o valor ficará
muitíssimo aquém da equiparação com os vencimentos básicos dos professores e
funcionários efetivos que reivindicamos, conforme a titulação.
O “compromisso” que Marconi Perillo diz reafirmar com a
“autonomia” da gestão financeira da UEG deve ser entendido como a
desresponsabilização do governo estadual pela sua manutenção. Mais do que isso,
ele dá a autonomia à reitoria para
gerir a miséria, mas mantém a prerrogativa de continuar expandindo a
universidade, criando novas unidades. É isso que o governador chama de “acerto”
com a Comissão de Negociação deste Movimento, negando-se, autocraticamente, a
continuar negociando.
Quanto às nove restantes reivindicações que constam da pauta
deste Movimento, todas de natureza essencialmente econômica, o governador
repete que cabe ao reitor dar respostas. Este, por sua vez, aceita, passiva e
subservientemente, essa transferência de responsabilidade, mas já disse que só
pode se comprometer com uma reposição salarial de 7,08% este ano e de 9% em
2014, sem indicar datas para efetivação. Segundo ele, depende da aceitação do
chefe do executivo estadual. Aqui, cabe questionar: ué, senhor reitor, cadê a “autonomia”
que o governador lhe deu? Quanto às
demandas dos discentes, o magnífico admite ser possível conceder 400 bolsas
permanência aos estudantes, muito aquém das 7.000 reivindicadas. As demais
reivindicações, são jogadas para o infinito.
Na semana passada, devido ao desgaste do governador
provocado pelas manifestações dos participantes deste Movimento, os seus secretários
convocaram o reitor para pressioná-lo a apresentar nova contraproposta à
Comissão de Negociação. Porém, sabedores de que ele não poderá oferecer mais do
que já apresentou nas negociações anteriores, ofertas absolutamente
insatisfatórias, rejeitamos o seu convite para um novo encontro. Negociar com o
reitor é o mesmo que fazer como aquela cobra que come a própria cauda para
saciar a fome. Obviamente, ele vai usar a nossa recusa para se eximir e isentar
o governador de responsabilidade pela continuidade da greve. Seremos taxados de
intransigentes. Pobrezinhos: eles serão as vítimas, nós os algozes. Quem vai
engolir mais essa inversão?
Diante desse quadro, só nos resta continuar com a luta, de
preferência, até a vitória.
Saudações gevileiras (ou grevilheiras, se assim o desejarem)!
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Concordo com o texto, e autorizo que meu nome seja usado nesse texto. Essa reflexão é uma resposta aos que continuam ainda acreditando nas "boas" intenções do reitor e também como o governo tenta fugir das responsabilidades que ele tem.
ResponderExcluirAnálise muito bem feita que ilustra o impasse a que se chegou nesta greve. É claro que se pode encontrar inúmeras e infinitas motivações para continuar um movimento grevista para sempre, existindo demandas tantas quanto possíveis de serem atendidas. Venho observando a greve na UEG que agora alcançou dois meses desde o seu início. A greve foi decretada sem que houvesse uma pauta clara, havia motivações inúmeras - a pauta após cobrança surgiu. No ano anterior a instituição passou por uma crise terrível, sob intervenção, ocorreu uma eleição no qual o próprio interventor (candidato único) foi eleito, obtendo ampla maioria nas unidades que hoje estão paralisadas. O que terá acontecido para se chegar a esse estado de coisas? É perceptível que essa greve repete com algumas diferenças a de 2007 - repete inclusive seus erros. O apoio necessário e ao mesmo tempo incomodo dos alunos para sua deflagração. As categorias não tão "organizadas" - professores e funcionários - tentam uma convivência difícil no "Mobiliza UEG" (antes Fórum) - ao final o desgaste fatal levará ao esgotamento. O Mobiliza UEG sofre de problemas de concepção, como a própria UEG, sem ser partidária ou ideológica, com um grupo organizado de líderes profissionais, alguns partidários sim do anarquismo ou anarco-sindicalismo, que compartilham dos ideais da ação direta que se tornou verdadeiro mantra da juventude nas atuais manifestações do MPL pelo Brasil afora, teve resultados excepcionais, mas quem garante que levaremos a melhor sobre o governo do Marconi? Há de se ter uma certa racionalidade para se voltar a sala de aula sem o gosto da derrota, com a instituição mais fragilizada do que nunca.
ResponderExcluirExcelente texto, parabéns ao autor que com maestria deu um pito no Reitor, desmoralizando-o. Também conseguiu sintetizar o pensamento do governo/reitoria, que só querem ganhar tempo sem contudo buscar uma solução para os problemas crônicos que assolam a UEG.
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