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O Movimento Mobiliza UEG consiste num movimento unificado de professores, estudantes e funcionários técnico-administrativos da Universidade Estadual de Goiás, espontâneo, independente, não institucionalizado, não hierarquizado e que adota como estratégia de atuação a ação direta. Seu objetivo é intervir no processo de construção da UEG com a finalidade de torná-la, de fato, uma universidade pública, gratuita, autônoma e democrática, capaz de cumprir o seu papel enquanto instituição de educação superior, produtora e socializadora de conhecimentos que contribuam para o bem-estar da sociedade goiana, em particular, da sociedade brasileira, em geral, e, quiçá, de toda a humanidade, primando pela qualidade reconhecida social e academicamente.
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terça-feira, 30 de abril de 2013
(DES)COMUNICADO AO REITOR DA UEG SOBRE A GREVE
(DES)COMUNICADO AO REITOR DA UEG
SOBRE A GREVE
Um reitor acuado, mesmo que ele não seja a caça perseguida.
Esta é a sensação que o atual reitor da UEG nos passa, ao reagir à nossa greve.
Para quem ainda tem ilusões sobre os reais compromissos dele na direção da UEG,
quem sabe, a partir de agora, com a postura assumida diante dos participantes
deste Movimento Mobiliza UEG, o seu ser, enquanto gestor, será desnudado. A
farsa pode estar perto do fim, para quem acredita que a alienação do poder,
através do voto, é a melhor forma de gerir os interesses coletivos.
Deixando de lado os pontos em que o reitor, no seu
“Comunicado sobre a decisão de ‘greve’ na UEG” (http://www.cdn.ueg.br/arquivos/ueg/noticias/13858/documento.pdf),
busca autovalorizar a sua gestão (narcisismo típico de quem ocupa esse tipo de
cargo para “demonstrar” que é imprescindível), vou me ater a outros, mais
reveladores do seu compromisso em servir ao atual governador, tentando se
reconhecer como responsável por assuntos sobre os quais não possui a menor
condição de dar respostas. Pobre homem! Um “servo voluntário”, como diria
Étienne de La Boétie!
É interessante que, no item 3 do tal “comunicado”, o reitor
afirma “Que não houve, a qualquer tempo, a procura de comissão ou representação
dos segmentos organizados para apresentação formal à Reitoria das pautas
discutidas em reuniões, atos ou assembleias, nem comunicação oficial de
‘greve’, na forma da lei”. É bem típico desse tipo de gente dar mais
importância aos meios e à forma do que aos fins e, principalmente, à essência
das coisas. Aliás, as universidades estão cheias desse tipo de gente. A maioria
esmagadora dos professores faz parte dessa categoria de seres. O senhor reitor
da UEG é um espécime dessa categoria.
De fato, não foi feita uma “comunicação oficial” ao reitor sobre
a decisão dos participantes do movimento. Mas seria bom relembrar que ele
assistiu, de corpo e espírito presentes, e foi envolvido nas principais ações realizadas
pelos participantes do movimento que culminaram nesta decisão de greve. A bem
da verdade, é necessário dizer que ele, por iniciativa própria, foi à
assembleia do dia 25, realizada num ginásio da ESEFFEGO, e teve garantida pelos
presentes uma fala de cerca de 5 minutos, antes da deliberação pela greve. É
certo que foi estrondosamente vaiado. Antes disso, esteve presente na
interdição da entrada do prédio da reitoria, das 7 às 10:40h, no dia 27 de
fevereiro; depois disso, os estudantes da UnUCET estiveram na reitoria e lhe
apresentaram suas queixas sobre a precariedade do funcionamento daquela
unidade; algum tempo depois, ele compareceu a uma assembleia de professores e
estudantes na mesma unidade e foi cobrado, mais uma vez,por providências para
os seus problemas imediatos; numa outra assembleia assistiu à tomada de decisão
de fazer uma paralisação na referida unidade; no dia 16 deste mês, data do
aniversário da UEG, ele ficou ciente de um ato que estava sendo realizado na
porta do palácio do governo estadual, quando ele comemorava os 14 anos da UEG
no prédio da reitoria; no dia seguinte (17), os estudantes fizeram a interdição
da rodovia (BR 060/153) em frente ao prédio da reitoria e foram recebidos pela
vice-reitora, na sala de reuniões daquele órgão, ocasião em que, mais uma vez,
apresentaram as principais demandas do movimento.
O que mais era necessário para que o senhor reitor tomasse
conhecimento dos motivos que nos levaram a decidir fazer a greve? Ah, sim,
falta uma “comunicação oficial”, por escrito, assinada, carimbada, registrada,
avalizada. Na verdade, desde o início da retomada das nossas mobilizações, mais
precisamente no dia 20 de fevereiro deste ano, quando foi fundado este
Movimento Mobiliza UEG, julgamos que o reitor não tinha nenhuma resposta a dar
às demandas que ora apresentamos ao governo. Logo, ele não seria o alvo das
nossas ações. Porém, visando a cumprir o principal papel que assumiu enquanto
reitor, de proteger o governador da responsabilização pela precariedade das condições
de funcionamento da UEG; pela defasagem dos vencimentos de professores e
funcionários; pela enrolação no encaminhamento do projeto de reformulação do
Plano de Cargos e Vencimentos dos professores (transformação da DE em regime de
trabalho, dentre outras) (desde 2010 que o governo se nega a dar o andamento
necessário ao pré-projeto elaborado por uma comissão de professores/gestores e
apresentado pela reitoria); pela falta de concursos, principalmente para
funcionários administrativos; pela falta de recursos para uma política de
assistência estudantil satisfatória; pelo descaso com a infraestrutura de
várias unidades que estão quase desmoronando, etc.
Certamente, o senhor reitor vai ter uma resposta adequada da
parte dos militantes deste Movimento a essa atitude de tentar livrar o governo dessa
responsabilização. Mas ele se engana, se espera que desviará nossa atenção do
verdadeiro alvo e do real objetivo da nossa luta. Seria conveniente que o
senhor reitor se pusesse no seu lugar, se deseja ser minimamente merecedor do
respeito das pessoas mais compromissadas com a construção de uma UEG pública,
autônoma e de qualidade reconhecida social e academicamente. Quando chegar a
sua vez, avisaremos. O que, talvez, não demore muito.
No item nº 8 do “comunicado”, o senhor reitor se põe a nu
por completo. Lá, ele ameaça: “Em respeito aos institutos da democracia(??) e da legalidade dos atos,
conclama-se todos os Docentes, Servidores e Estudantes para a retomada imediata
das atividades, sob pena de incursão em atos de ilegalidade passíveis de
sansão”. Se, enquanto religioso, ele dissesse que “deus castiga” a quem
desobedece as admoestações dos seus pastores, quem sabe encontraria alguns
crentes na UEG que tremeriam diante de tão tenebrosa possibilidade. Aqui, caberia
perguntar: para punir os desobedientes grevistas osenhor reitor poderá contar
com os rigores da lei e as deliberações do alienado poder judiciário e com a
força do autoritário poder de polícia do estado, mas quem punirá o governo pelo
descumprimento das leis que prescrevem ações necessárias ao bom funcionamento
da precária UEG? Será que o senhor reitor se dignaria a nos ajudar na busca de
punição ao governo por seu absoluto descaso para com as necessidades da UEG, por
cuja garantia das condições para supri-las éo responsável? Quem sabe, poderemos
contar com sua ajuda para reforçar nossa insana luta por uma universidade
estadual com condições satisfatórias de trabalho e estudo. Afinal, o senhor reitor
obteve mais de 95% dos votos válidos (como gosta de alardear) na eleição do ano
passado em que foi candidato único. Não precisamos de ameaças e hipocrisias,
certamente.
Se o senhor reitor puser em prática essa ameaça de impor
sanções a professores, estudantes e funcionários administrativos em greve,
passará à história da UEG como o primeiro reitor a punir grevistas. Triste
memória! E olha que ele ingressou na UEG por meio de um concurso que nos custou
34 dias de greve “ILEGAL”, envolvendo 12 unidades, para
forçar o governo a autorizar a sua realização para preenchimento de 475 vagas
para professor. Quantitativo estabelecido pelos participantes do movimento. Se
levar adiante a punição, imagino o senhor reitor sendo condecorado pelo
governador Marconi Perillo por dedicação às suas obrigações enquanto burocrata
(dirigente), e não pelos mais de 95% dos votos que obteve na sua primeira
eleição. A tristeza estará em que será um dos indivíduos mais desmoralizados
diante da comunidade universitária da UEG homenageando outro de igual estirpe.
Saudações grevileiras e pau nos burocratas de plantão!
José Santana da Silva
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