
A audiência pública realizada no auditório Costa Lima da Assembléia Legislativa de Goiás, na manhã do dia 26 de março de 2013, cujo tema era “UEG EM DISCUSSÃO”, foi marcado pela presença de alunos, professores e funcionários da UEG, que levaram vários cartazes, faixas e um abaixo assinado gigantesco em protesto contra o atual estado de abandono e sucateamento em que se encontra a Universidade Estadual de Goiás. A audiência pública foi criada através da solicitação da comissão de negociação do MOVIMENTO MOBILIZA UEG junto aos deputados estaduais membros da chamada comissão de educação da assembléia legislativa. Na semana que antecedeu a audiência, esta mesma comissão de educação da assembléia legislativa, convidou uma série de instituições sindicais (SINPRO, SINTEGO, CTB) e entidades como a UEE, Conselho Estadual de Educação, além do Reitor da Universidade, presidentes do DCE (já que a carta convite foi feita para as duas direções do DCE, a eleita e a anterior, que ainda continua presente), além do presidente da ADUEG. Essa comissão procedeu dessa forma, sem consultar os proponentes dessa audiência, no caso o Movimento Mobiliza UEG. Entretanto, tal sabotagem foi frustrada através de manifestações e protestos de professores do MOVIMENTO MOBILIZA UEG, que mesmo na véspera da audiência, mostraram publicamente sua indignação e a não concordância com a formação da mesa por pessoas sem representação e sem legitimidade para falar em nome da Universidade. Frente a essa indignação, conseguiu-se que pelo menos os representantes da ADUEG e do antigo DCE, não comparecessem, no entanto, os demais componentes citados foram mantidos, sendo acrescentado apenas um representante por parte dos professores na mesa. A mesa da audiência foi então formada pelo professor da UnUCSEH Marcos M. Ataídes; pelo aluno Jefferson Acevedo representando o DCE eleito; os deputados Karlos Cabral(PT), Ney Nogueira(PP) e Francisco Gedda (PTN); pelo reitor da UEG, Haroldo Heimer; a presidente da CTB, Ilma Maria de Oliveira, o diretor da UEG de Jatai, Cristiano Silva e o secretario regional do Sintego, Reginaldo Guimarães. 
Durante a audiência foi dada a fala primeiramente ao reitor da UEG, que explicou sua trajetória como reitor na UEG, passando de interventor a reitor eleito, buscando dar legitimidade ao seu posto de gestor da universidade, (já que o mesmo em 2012, fora indicado como interventor pelo governador Marconi Perillo, e logo após, com a formação de chapa única foi eleito reitor em 2013, com 91% dos votos válidos, ou seja, só os que votaram, mas até hoje nunca foi apresentado o número de abstenções nessa eleição), mas Heimer reconheceu também publicamente, que internamente o nome dele foi proposto com outros dois, sendo o seu nome escolhido diretamente pelo Governador Marconi Perillo para concorrer como candidato único. O reitor Haroldo Reimer em seguida, relatou sua visita técnica ao estado de São Paulo e disse que adotará o modelo de gestão das universidades estaduais paulistas (UNESP) como espelho para a sua administração na UEG. Demonstrando bastante incomodado com os cartazes de reivindicações dos alunos espalhados por todo o auditório, o reitor Reimer procurou responder às frases provocativas dos alunos. Falou então sobre a política de aumento de bolsas estudantis, que antes eram apenas 190, passando ao número de 700 bolsas atualmente. Sobre o restaurante universitário, ele disse que o mesmo esta ainda em processo de instalação, junto ao prédio da própria reitoria em Anápolis, com capacidade para fornecer cerca de 1200 refeições/dia. Os problemas relacionados à demora na instalação do restaurante, segundo próprio reitor, se devem ao fato do prédio citado não pertencer à UEG, mas ser de propriedade privada. Outro fato que o Reitor deixou claro, é sobre um projeto de lei da reitoria a respeito da autonomia universitária, o mesmo ressaltou que esse projeto de lei será encaminhado para a assembléia, sem contudo fornecer detalhes específicos a respeito dessa autonomia, e até aqui, sem consulta à comunidade uegeana. Em seguida foi dada a oportunidade ao representante do DCE, Jefferson Acevedo, que relatou os problemas atuais enfrentados pela UEG, como a falta de restaurantes universitários, a ausência de moradia estudantil e a inexistência de política de assistência estudantil na instituição. Enfatizou ainda que as conquistas recentes da UEG, como as cerca de 700 bolsas estudantis, são fruto das mobilizações dos alunos, esquecendo-se, porém, da luta conjunta também dos professores e funcionários administrativos. Relatou ainda que as unidades do interior carecem de benfeitorias, e que nenhuma delas deve ser fechada, mas sim reformadas e melhor equipadas. Em seguida a oportunidade de fala foi dada ao professor do curso de geografia Marcos Ataides (UnUCSEH), que retratou os reais problemas enfrentados pela UEG, como as constantes intervenções do Governo com nomeações de interventores. Citou também o caso da prédio-sede da reitoria, que atualmente paga o valor absurdo de R$130.000,00 mensais de aluguel, (valor este explicitado pelo próprio Reitor, mas que em outra oportunidade disse que o aluguel era de R$ 150.000,00) sendo que, segundo este professor, com esta fortuna acumulada anualmente, a UEG seria capaz de construir vários novos prédios. Fez referência aos custos que são gastos nas campanhas eleitorais em Goiás, que estão entre os maiores do Brasil, além de afirmar a necessidade que os legisladores conheçam de perto a realidade das unidades da UEG.
O mesmo professor questionou ainda a respeito da maneira como foi escolhida os membros da mesa, chamando a atenção para que todos observassem, quem de fato são os legítimos representantes da UEG. O professor ainda relatou sobre a independência do Movimento Mobiliza UEG, frisando que o mesmo não possui ligações com partidos ou sindicatos, defendendo sua total autonomia frente a estas mesmas instituições. Vale ressaltar ainda que o professor Marcos Ataídes teve sua fala interrompida de forma autoritária pelo presidente da mesa, o deputado Francisco Gedda, antes do término do tempo estipulado e também antes do mesmo professor concluir o seu raciocínio, em que pese que cada membro tinha 10 minutos de exposição, sendo que o Reitor extrapolou esse teto em vinte minutos a mais. O deputado demonstrou insatisfação com relação à fala do professor, quando o mesmo fez uma severa crítica sobre a intervenção partidária nos debates e discussões relacionadas à UEG. O diretor da Unidade da UEG em Jataí Cristiano também relatou os problemas da UEG, principalmente em relação aos temporários e a falta de compromisso da instituição em pagar esses conforme a titulação, exemplificando que existe professores recebendo como graduado, porém já são mestres. O Reitor, como foi citado na fala do professor, colocou que o problema é de cunho burocrático da instituição com o Estado, não assumindo um compromisso de solucionar o problema.
Logo após, foi dado a fala ao representante do Sintego, Reginaldo Guimarães que relatou sua breve trajetória como aluno da parcelada UEG, que também falou sobre os problemas atuais da UEG e discordou da fala do professor Marcos, salientando a importância dos partidos e dos sindicatos. Disse ainda que o modelo de universidade que almeja o atual reitor Haroldo, baseado na UNESP, do governo de Geraldo Alckmin em São Paulo, não é nenhum modelo a ser seguido ou copiado, pois a sua gestão é pautada pelas terceirizações, locações, parcerias privadas e na meritocracia. O mesmo ainda ressaltou no final de sua fala a importância da UEG, citando os alunos que se formam em Engenharia, Direito (lembrando que a UEG não tem curso de Direito), ressaltando que a maioria dos cursos da UEG é na área de licenciatura,
Em seguida foram dadas as palavras aos três deputados presentes da chamada “ala de oposição”, falaram sobre a busca de autonomia financeira, administrativa e ainda a realização de concurso público e melhorias no plano de cargos e salários dos professores e funcionários. Os deputados cobraram ainda o envio de 2% do orçamento da arrecadação estadual para a UEG, o que não vem sendo cumprido atualmente.
Ao final da fala dos componentes da mesa, mesmo com o tempo já extrapolado, neste momento o relógio já ultrapassava o meio dia, cinco pessoas se inscreveram para falar ou questionar a mesa, dentre os quais alunos, funcionários e professores da UEG. O funcionário técnico administrativo da UnUCSEH, José Antônio, falou sobre os problemas atuais enfrentados pela universidade, destacando as questões relacionadas aos funcionários administrativos, como os baixos salários e a total precarização do trabalho na UEG. O diretor da UnUCSEH Marcelo Moreira, destacou a importância na construção de uma UEG, pública, gratuita e de qualidade, e ressaltou ainda que a luta do movimento deve ser independente e autônoma, mas sem, no entanto, desprezar os momentos de decisão e sabendo acatar as idéias. O professor Antônio Menezes da UnUCET disse que os deputados devem se esforçar e se empenhar na aprovação do plano de carreira dos professores, dando destaque para a incorporação da Dedicação Exclusiva ao vencimento. O mesmo professor também fez críticas à postura do promotor Fernando Krebbs, pelas suas adjetivações sobre a UEG, vinculadas recentemente na imprensa. O professor ainda frisou os chamados pontos positivos da UEG, citando exemplo três de seus ex-alunos, que hoje estão se doutorando em outras instituições, e ainda sobre uma premiação internacional recebida recentemente por um de seus alunos. A Aluna de licenciatura em geografia da UnUCSEH Stefane Amâncio do Nascimento, fez questionamento ao papel da imprensa goiana que não possui compromisso com a UEG, e criticou a ausência de todos os canais de TV na cobertura da audiência pública. Por fim, ao responder uma pergunta dos presentes na audiência, o reitor endossou a fala dos professores Marcelo e Antônio, e também teceu elogios a UEG, destacando seus pontos positivos, como as notas do ENADE do curso de matemática e a nota quatro do recém criado curso de mestrado.
Ao final do debate, o deputado Francisco Gedda fez os agradecimentos a todos os presentes e a audiência foi encerrada por volta das12h50.
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